Produtos de segunda mão geram negócios na moda
Segunda mão (second hand em inglês), usado (pre-owned), vintage são alguns dos nomes dados para um mercado que cresce exponencialmente. E, não é só nas mãos da Geração Z (nascidos a partir de 2000) que a revenda, especialmente de itens de luxo, tem gerado lucro. Dados da empresa Statista mostram que este mercado avança no mundo todo e gerou US$ 4,9 bilhões no ano passado. Até 2027, estima-se US$ 14,7 bilhões. No Brasil, a projeção é de que o segmento de moda circular cresça de 15% a 20% nos próximos sete anos.
“A pandemia impulsionou esse mercado, já que fez a sociedade refletir muito sobre o consumo consciente. E a Geração Z e seus ideais de consumo consciente também têm papel relevante, já que a sustentabilidade e a procura por preços mais baixos são drivers de escolha”, comenta a professora colaboradora da Pós-graduação em Negócios e Marketing Digital para Moda e Beleza da ESPM, Mariana Tozzini.
A estreia no second hand da Arezzo&Co (Belo Horizonte/MG), gigante brasileira da indústria e do varejo de calçados, ocorreu em novembro de 2020 com a aquisição de 75% do capital do brechó on-line Troc. Visando se consolidar neste mercado, a plataforma, que havia apostado previamente em lojas pop up (temporárias), inaugurou, em junho, o primeiro ponto de venda físico fixo em Curitiba/PR. “Nossas lojas pop up sempre fizeram sucesso com o público. A primeira em Curitiba durou seis dias e, em todos eles, tivemos o estoque praticamente esgotado. A última pop up se consolidou por um ano e meio e, agora, vimos que é o momento certo de abrir a nossa primeira loja física permanente”, comenta a CEO da Troc, Luanna Toniolo.
Ecossistema consolidado
Em julho de 2021, a varejista de moda Lojas Renner (Porto Alegre/RS) anunciou a compra da Repassa, plataforma on-line de revenda de acessórios, calçados e roupas. Segundo a empresa, o objetivo da aquisição era potencializar a marca e torná-la líder na América Latina. “Esta aquisição foi o primeiro movimento inorgânico para a consolidação do nosso ecossistema de moda e lifestyle”, observa o CEO da Lojas Renner, Fabio Faccio.
Foi em 2015 que a Repassa, startup nativa digital de revenda de moda, foi fundada, tendo como missão aumentar o ciclo de vida de 70% das roupas que não são mais usadas. A marca atua em todo o território brasileiro e tem como público-alvo o feminino das classes B e C+.
Grifes de olho no mercado
A aquisição da Repassa pela Renner está dentro da estratégia da varejista, que viu o mercado mundial de revenda crescer 25 vezes mais rápido do que o mercado de moda. No Brasil, até 2025 deve aumentar 4,4 vezes, aproximadamente R$ 31 bilhões. Os millennials (30%) e a Geração Z (40%) são os maiores consumidores.
Entre as marcas de olho neste mercado está a gigante do varejo de moda Zara, que, em 2022, anunciou sua entrada na moda circular, com serviço de revenda, consertos e doações de peças. Grifes como Stella McCartney, Burberry e Gucci fizeram parceria com o The RealReal, marketplace de revenda de luxo, para incentivar o consumo consciente e a venda de suas peças.
Frente de negócios focado no second hand
Em junho, o Shop2gether, e-commerce de moda e lifestyle do Icomm Group (São Paulo/SP), anunciou sua entrada no mercado de second hand. Com o intuito de reforçar seu posicionamento ESG (Ambiental, Social e Governança, em tradução livre), o hub de lifestyle trouxe como seu primeiro parceiro o brechó de luxo Cansei e Vendi, que começou suas operações dentro da frente de negócios intitulada 2ndshop.
Integrante da vertical Change2gether, projeto da marca focado na fomentação de iniciativas socioambientais, o 2ndshop nasce com o objetivo de fortalecer a economia circular. Com uma curadoria inicial de 200 produtos de luxo vintage, entre bolsas, sapatos e roupas de marcas consagradas como Hermès, Chanel, Dior e Gucci. “A vertical chega para integrar o posicionamento de lifestyle completo oferecido pelo Shop2gether, que já conta com as recém inauguradas verticais de beleza e casa & decoração”, diz a empresa em nota enviada ao Exclusivo.
“O 2ndshop é uma iniciativa do nosso calendário ESG, um projeto embrionário que já nasce pensando em expansão e trazendo novos parceiros. No futuro, estimamos que ele também seja um canal de revenda dos itens adquiridos no nosso e-shop, aumentando assim a vida útil das nossas peças”, conta a CMO e cofundadora do Icomm Group, Ana Isabel de Carvalho Pinto.
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