Produção brasileira de calçados pode crescer até 2% em 2024
A produção da indústria calçadista brasileira deve crescer entre 1% e 2% em 2024. Ao mesmo tempo, o consumo de calçados no mercado interno pode aumentar na faixa de 2,5% e 3% neste ano. Os dados de projeção foram compartilhados pelo presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, durante coletiva de imprensa, na 2ª BFSHOW, que terminou nesta quinta-feira (23), em São Paulo/SP.
“A capacidade instalada da indústria calçadista brasileira ficou em 73,5% no ano passado, então nós temos como produzir mais. O Brasil tem capacidade para produzir qualquer produto com excelência e concorrer com qualquer país no que diz respeito à produção de calçados”, afirma o dirigente.
De acordo com Ferreira, no ano passado, o Brasil teve um investimento de R$ 2,23 bilhões no setor calçadista. Valor que corresponde a um crescimento de 40% em relação a 2022. “Isso demonstra a capacidade que o Brasil tem de produzir calçados e aumentar a sua produção”, frisa.
Projeções da Abicalçados para 2024
Produção: 885 milhões de pares, crescimento entre 1% e 2%;
Exportação: 112 milhões de pares, queda entre 5% e 9%;
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Produção em alta, exportação em baixa
Já, a perspectiva para as exportações brasileiras de calçados em 2024 é de uma queda entre 5% e 9%. Em uma projeção otimista, o dirigente destaca que os embarques devem alcançar 112 milhões de pares. Ele aponta que o recuo é reflexo da economia mundial, especialmente, no que diz respeito aos Estados Unidos, principal mercado para o calçado brasileiro no exterior. “Eles tinham importado muito no pós-pandemia, ficaram super abastecidos. Além disso, também enfrentam um problema de economia interna”, comenta.
No primeiro quadrimestre de 2024, as exportações de calçados do Brasil caíram 26% em pares e 21,8% em valor. “Isso quer dizer que mesmo caindo em pares, a exportação de produtos com maior valor agregado se mantém”, frisa Ferreira.
Importação de calçados
O consumo de calçados no mercado interno brasileiro correspondeu a 775 milhões de pares no ano passado, um aumento de 0,7% em relação a 2022. Entretanto, a produção atingiu 865 milhões, um recuo de 2,3% ante ao ano retrasado. “Isso já reflexo da importação de calçados asiáticos, que está afetando todos países da América Latina”, frisa Ferreira.
Empregos
O setor calçadista brasileiro terminou o ano passado com 285 mil trabalhadores diretos. “Tivemos uma perda de postos em relação a 2022. Mas, neste ano, já geramos 1.570 postos, que é um saldo positivo, ainda está abaixo do mesmo período do ano passado, mas teve um crescimento. Esperamos conseguir crescer no segundo semestre e tentar recuperar os quase 300 mil postos que tínhamos em 2022”, analisa o executivo.
Reoneração da folha de pagamento
Na avaliação do dirigente, outra questão que vai impactar o setor calçadista brasileiro, ao longo dos próximos anos, é a reoneração gradual da folha de pagamento. Contudo, por conta de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), do Superior Tribunal Federal (STF), foi derrubada a prorrogação até dezembro de 2027 da desoneração – que contemplava os 17 setores que mais empregam no País, permitindo que as empresas destes segmentos substituíssem o pagamento de 20% de contribuição previdenciária sobre os salários dos funcionários por uma alíquota que vai de 1% e 4,5% sobre a receita bruta, no caso do setor calçadista, o pagamento é de 1,5%.
“A reoneração estaria valendo em 20 de maio, mas, conseguimos negociar com o Ministério da Fazenda. Nesse sentido, no acordo, pelo menos, em 2024 será mantida a desoneração plena. Contudo, de 2025 até o fim de 2027 haverá uma reoneração gradual”, comenta Ferreira.
De acordo com o executivo da Abicalçados, a reoneração da folha de pagamento é “um grande problema” para a indústria calçadista. “Nós vamos perder competitividade. Vai aumentar os custos industriais. E custos industriais não se tem margem para absorver e passa para o preço. Perdemos competitividade tanto no mercado interno quanto nas exportações.”
Isenção de impostos nas compras de plataformas internacionais
Ao mesmo tempo, outro problema que a indústria calçadista brasileira vem enfrentando, na avaliação de Ferreira, diz respeito à isenção de impostos nas compras de até US$ 50 nas plataformas internacionais de e-commerce no Brasil, em vigor desde agosto do ano passado. “Um tíquete de US$ 50 corresponde a R$ 250. O tíquete médio da indústria calçadista fica abaixo dos R$ 250. Então, todo o empresário, toda a empresa no Brasil paga os seus tributos e o que vem via plataforma de e-commerce não está pagando. Nós estmaos exportando postos de trabalho do Brasil”, afirma.
O presidente-executivo da Abicalçados explica que, desde que a isenção de tributos nas compras de até US$ 50 nas plataformas internacionais entrou em vigor, vem tendo conversas com o governo para que a medida seja revogada. Anteriormente, ao longo dos últimos meses, foram feitas reuniões com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Porém, não conseguiu se chegar a um ajuste para voltar a tributação. Isso também é uma concorrência desleal, porque todas as empresas instaladas no Brasil pagam todos os seus tributos”, comenta.
Além disso, Haroldo acrescenta que havia uma expectativa de que tributação das compras internacionais voltasse após o Natal do ano passado. “Passou o Dia das Mães de 2024 e nada foi solucionado”, frisa.
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