Juros altos seguem refletindo no faturamento e nas horas trabalhadas da indústria
Mesmo com os cortes na taxa básica – última reunião do Copom reduziu a Selic em 0,50% pela terceira vez consecutiva este ano, levando a 12,25% –, os juros altos seguem impactando na indústria brasileira de transformação. De agosto para setembro, o faturamento real caiu 0,5%, as horas trabalhadas recuaram 1% e a utilização da capacidade instalada manteve tendência de queda, com redução de 0,3% ponto entre um mês e outro. As informações são dos indicadores industriais divulgados no dia 31 de outubro pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“Apesar do início dos cortes da taxa básica de juros, ela permanece exercendo um papel restritivo sobre a economia, contribuindo para um ambiente de crédito bastante desfavorável”, explica a economista da CNI, Larissa Nocko. Ela lembra que o nível de endividamento e de inadimplência das famílias e a taxa média de juros das operações de crédito se encontram bastante elevados.
“Esperamos uma redução das concessões de crédito às empresas nesse ano, em termos reais, e um crescimento fraco das concessões aos consumidores, o que já vem repercutindo sobre uma demanda bastante enfraquecida”, afirma a economista.
Trajetória de quada no terceiro trimestre
O faturamento intercalou altas e baixas durante o ano, mas o terceiro trimestre indica que a trajetória é de queda. Na comparação com setembro de 2022, o indicador apresenta queda de 1,4%. As horas trabalhadas registram o quarto mês sem avanços e, na comparação com o mesmo mês do ano passado, apresenta recuo de 3,5%. O emprego registrou estabilidade em setembro, com variação negativa de 0,1%.
Rendimento médio do trabalhador
O rendimento médio real apresentou crescimento de 1,6% em setembro, na comparação com agosto de 2023. Ao longo deste ano, o indicador alternou entre avanços e quedas, no entanto, com as altas mais intensas que os recuos. Trata-se do segundo mês consecutivo de crescimento do rendimento, que acumulou avanço de 2,7%. Com o resultado de setembro, o indicador atinge o ponto mais alto do ano. Na comparação com setembro de 2022, o indicador apresenta crescimento de 2,8%.
A massa salarial real da indústria de transformação cresceu 1,5% em setembro de 2023 na comparação com o mês anterior. Na comparação com setembro de 2022, houve avanço de 3,1%.
(*) Com informações da CNI.
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