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Por que o mercado é pessimista com a economia brasileira?

PIB brasileiro tem o consumo das famílias como uma de suas forças motrizes

Por que o mercado é pessimista com a economia brasileira?

Parece que quando o assunto são as previsões para o crescimento econômico brasileiro, o ceticismo impera nas projeções dos agentes do mercado financeiro. Digo isso porque há alguns anos os economistas em geral, e os agentes de mercado em particular, têm sido mais pessimistas com o resultado esperado do PIB do que de fato os números têm revelado.

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Por exemplo: na primeira semana de 2023 (como mostra o Relatório Focus da época), os analistas de mercado financeiro projetavam que a economia brasileira cresceria 0,8% naquele ano. O número final, calculado pelo IBGE, e revisado agora, foi significativamente maior (3,2%).

Em 2024, episódio semelhante está acontecendo. No começo deste ano os analistas projetavam um crescimento de 1,5%. Todavia, o País efetivamente deve acabar crescendo mais que o dobro disso, algo em torno dos 3,5%.

Em minha primeira coluna deste ano, quando tratei mais detalhadamente deste mesmo assunto, lancei uma pergunta naquele longínquo janeiro: será que em 2024 voltaríamos a errar e cresceríamos mais do que as projeções sugerem? E minha resposta para aquela pergunta, à época, foi a de que sim. De que novamente as projeções estariam equivocadas e que, uma vez mais, a atividade econômica brasileira apresentaria crescimento maior do que o projetado.

Economia brasileira em crescimento

Os números divulgados pelo IBGE, agora no dia 3 de dezembro, confirmam que realmente estava certo. Apesar de ainda não termos os números definitivos, o fato é que o PIB brasileiro acumula no ano crescimento. Alta de 3,3%, tendo no consumo das famílias e no setor de serviços suas principais forças motrizes, com crescimento de 4,5% e 3,8%, respectivamente.

PIB brasileiro tem o consumo das famílias como uma de suas forças motrizes
Arquivo/GES PIB brasileiro tem o consumo das famílias como uma de suas forças motrizes

Surge então mais uma pergunta. O que tem levado invariavelmente o chamado mercado a projetar taxas de crescimento do PIB menores do que aquelas que efetivamente têm sido registradas?

Há algumas respostas possíveis para esta questão. Uma delas refere-se aos possíveis ganhos de produtividade, ainda não capturados pelos modelos preditivos dos economistas, oriundos da aprovação, em anos recentes, de reformas estruturantes, tais como a reforma da previdência, a reforma trabalhista, o novo marco do saneamento e a lei das Estatais, entre outras.

Mas creio que há mais outra resposta para a mesma questão. Um pessimismo exagerado dos agentes de mercado com os rumos da condução da política econômica do atual governo.

Por mais que o ceticismo do tal mercado tenha fundamento, especialmente no que se refere às preocupações quanto à trajetória futura da inflação e também da dívida pública, o fato é que o país vem crescendo, ano a ano, acima das projeções do mercado, com salários reais em ascensão e registrando, neste momento, a menor taxa de desemprego da série histórica do IBGE.

Crescimento acima do potencial

Aos que como eu têm preocupação com o fato de a economia brasileira estar crescendo acima do seu potencial, o alento, nos números divulgados pelo IBGE, veio do forte crescimento da indústria e da formação bruta de capital, dois importantes indicadores de atividade, haja vista mostrarem a capacidade da economia de aumentar, respectivamente, a produção presente e futura de bens.

De acordo com o IBGE, a formação bruta de capital fixo cresceu impressionantes 10,8% no terceiro trimestre de 2024 frente ao mesmo período do ano anterior (o que revela o quanto os empresários estão ampliando seus investimentos, ou seja, sua capacidade de produção futura), e o setor industrial (responsável pelo aumento presente da oferta de bens disponíveis na economia) cresceu 3,6%, bem acima do PIB que, nesta mesma base de comparação, cresceu 0,9%.

O fato é que a combinação de capacidade ociosa (fruto de anos de baixo crescimento) com a expansão, trimestre a trimestre, da taxa de investimento da economia pode permitir que o país continue crescendo mais e por mais tempo do que o ceticismo do mercado imagina.

Ademais, a elevação da arrecadação de impostos, oriunda do maior crescimento econômico, pode também acabar ajudando o resultado primário do governo. Ao mesmo tempo, o pacote de contenção de gastos anunciado pelo ministro Fernando Haddad, deve ser aprovado pelo Congresso. É esperar para ver.

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