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Setor de máquinas para couro e calçados termina 2023 com menos negócios

Setor de máquinas para couro e calçados termina 2023 com menos negócios

A indústria brasileira de máquinas e equipamentos para o setor coureiro-calçadista vai terminar 2023 com volume de negócios inferior ao registrado no ano passado. No primeiro semestre, empresários já manifestavam receio de investir na compra destes bens de capital. “O ano de 2023 iniciou travado. O alto nível de incertezas com a troca de governo diminuiu o ritmo dos negócios, que ficou bastante inferior a 2022. Essa situação se manteve inalterada ao longo do ano, foi um ‘arranca e para’, com as decisões de investimentos sendo proteladas até o último momento pelos nossos clientes”, avalia o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins (Abrameq), André Nodari.

Segundo o dirigente da Abrameq, as vendas de bens de capital pela indústria brasileira, no geral, tiveram queda com “baixa disposição para investimentos e aumento de produção ou produtividade”. “Não bastando o alto custo dos financiamentos e as incertezas sobre os rumos da economia, as importações isentas de produtos até U$ 50 geraram uma concorrência desigual para a produção nacional. Isto afetou diretamente o ânimo da indústria e do varejo de calçados para investir”, sustenta Nodari.

Marlos Schmidt, diretor industrial da empresa Industria de Maquinas ERPS (Novo Hamburgo/RS), avalia que o ano de 2023 “se mostrou mais uma vez desafiador”. “O que chamamos de tripé para investimento está fragilizado de fato. Otimismo do mercado oscilou entre razoável a negativo, crédito para investimento de difícil acesso, dessa forma, somente o ‘pé’ tecnologia que ficou mais sustentável. Isso só é possível devido aos constantes investimentos que realizamos, diferenciais na equipe de trabalho e nos produtos”, comenta.

“Paralisia” nos investimentos

No último trimestre de 2023, o dirigente da Abrameq cita que o veto do governo federal à desoneração da folha de pagamentos e a pressão dos estados pelo aumento do ICMS “trouxe alto nível de incerteza e congelou os investimentos”. “Felizmente, o veto foi derrubado pelo Congresso. A falta de clareza dos rumos na economia, a instabilidade estabilidade jurídica – até decisões invalidando a coisa julgada foram proferidas –, e a sanha arrecadatória do governo (revisões no voto de qualidade, nos juros sobre capital próprio, tributação de dividendos, etc) causaram a paralisia das decisões de investimentos em 2023, com os industriais preferindo ‘ver o que acontece’ a investir”, avalia Nodari.

Queda no mercado interno

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o segmento deve terminar 2023 com faturamento de R$ 290 milhões, o que corresponde a queda de 9% em relação ao ano passado, quando havia sido registrado recuo de 5,9%. Segundo a entidade, o desempenho mais fraco esteve relacionado à piora das vendas no mercado interno. “Nas importações, a queda será de 2,7% enquanto a produção para o mercado local, deve cair 15%. Por essa razão, no ano a produção local deverá perder cerca de 3,5 pontos percentuais do market share (participação de vendas medida em porcentagem) nacional”, frisa o presidente do conselho de administração da Abimaq, Gino Paulucci Júnior.

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