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Será que em 2024 erraremos outra vez?

Há alguns anos, os economistas e os agentes de mercado têm sido mais pessimistas com o resultado do PIB do que de fato os números têm revelado

Publicado em: 02/01/2024 08:06
Última atualização: 17/06/2024 08:07

Iniciamos mais um ano e com ele renovamos nossos votos por melhores dias. E é incrível como a simples passagem do dia 31 de dezembro para o dia 1º de janeiro nos enche de esperança e vira motivo para comemorações, desejos e promessas. Tudo justificado por um único sentimento: o desejo de que o novo ano seja melhor do que o anterior.

Entretanto, parece que quando o assunto são as previsões para o crescimento econômico, este sentimento de otimismo e esperança fica obscurecido. Digo isso porque já a alguns anos os economistas e os agentes de mercado têm sido mais pessimistas com o resultado esperado do PIB do que de fato os números têm revelado.

ExclusivoGrupo Editorial Sinos

Por exemplo: Em 2020, algumas casas de pesquisa econômica (ligadas a bancos e a consultorias especializadas) chegaram a projetar que o PIB brasileiro cairia até 8%, devido aos efeitos da pandemia. Todavia, o resultado oficial mostrou que o tombo do PIB acabou sendo significativamente menor (-3,3%).

Alguns, com razão, argumentarão que o ano de 2020 não é um bom parâmetro, pois foi assaz atípico, devido aos acontecimentos ligados à pandemia de Covid-19. E eu naturalmente concordo. Todavia, prezado leitor, perceba que o mesmo fenômeno veio a ocorrer nos três anos seguintes. Vejamos.

Na primeira semana de 2021 (como mostra o Relatório Focus da época), a mediana dos analistas de mercado projetava que a economia cresceria 3,4% naquele ano. O número final, calculado pelo IBGE, seria significativamente maior (5,0%).

Em 2022, episódio semelhante ocorreu. No começo do ano os analistas projetavam um crescimento do PIB de apenas 0,28% e o país efetivamente veio a crescer 2,9%.

Tal fenômeno, ao que tudo indica, ocorreu novamente no ano que passou. Na primeira semana de 2023 os agentes de mercado projetavam crescimento de 0,78%, porém o crescimento de fato deve ter sido muito superior, na casa dos 3% (o número final será ainda divulgado pelo IBGE em março).

A pergunta que fica é: O que tem feito a economia crescer, nos últimos anos, mais do que o projetado pelos economistas?

Há algumas respostas possíveis para esta questão, mas uma cada vez mais aceita aponta para os ganhos de produtividade, ainda não capturados pelos modelos preditivos dos economistas, oriundos da aprovação, em anos recentes, de reformas estruturantes, tanto no âmbito macroeconômico, como a reforma da previdência e a reforma trabalhista, como no âmbito microeconômico, como o novo marco do saneamento e a lei das estatais, entre outras.

Neste sentido, uma nova indagação surge naturalmente: Será que erraremos novamente e cresceremos mais em 2024 do que as projeções atuais (algo em torno de 1,5%) nos revelam?

Minha aposta, caro leitor, é de que sim. Que novamente nós, os economistas, estejamos errados, pecando pelo ceticismo, e que, uma vez mais, a atividade econômica apresentará crescimento maior do que o projetado. É esperar para ver.

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