Negócios
Pedro Bartelle: tradição familiar e referência na produção de calçados
Atualmente, ele comanda a maior gestora de marcas de calçados e artigos esportivos do País
Última atualização: 01/07/2024 14:09
A série Feed de Mercado dá sequência ao projeto Calçado & Carreira. Capitaneado pelo Jornal Exclusivo e Orisol do Brasil, apresenta cases inspiradores e valoriza os profissionais que fazem a diferença no setor calçadista, tanto no mercado nacional como internacional.
Pedro Bartelle, 47 anos, vivencia desde cedo a produção e o desenvolvimento de calçados, por meio da Grendene (Farroupilha/RS), companhia fundada pela família em 1971 e que hoje é a maior exportadora de calçados do Brasil. "Nasci na indústria de sapato e, naquela época, já existia a Grendene, empresa que meu pai, Pedro, e meu tio, Alexandre, fundaram. Aprendi muito sobre calçados com eles, que se tornaram grandes referências na indústria calçadista nacional", conta Bartelle, que antes de assumir posições na empresa familiar, empreendeu sozinho e trilhou seu caminho como empreendedor até chegar a Vulcabras (Jundiaí/SP), quando "levou adiante a tradição da família". Desde 2015 é o CEO da companhia, a maior gestora de marcas esportivas do País tendo no portfólio Olympikus, Under Armour e Mizuno.
Bartelle chegou a Vulcabras aos 22 anos para liderar os canais próprios da Reebook, na época licenciada da empresa. Após alguns anos, assumiu a presidência da operação na Argentina por três anos e meio, retornando ao Brasil como diretor de Marketing da companhia, depois da aquisição da Azaleia. Na sequência, participou ativamente da "grande reestruturação" do negócio, iniciada em 2012.
Em 2015, já como CEO da Vulcabras, Bartelle assumiu o "desafio de buscar novos horizontes" e "conduzir a companhia a novos tempos de mudança". "Assumi o comando da empresa em um período desafiador, marcado por uma reestruturação operacional e financeira entre 2012 e 2014, com revisões profundas de processos, modelo de atuação, gestão e cultura, em prol da modernização e profissionalização da empresa", comenta o executivo, acrescentando que "muitos foram os desafios" daquele período, entre eles, cita em 2017 o Re-IPO – consiste na empresa vender novas ações, ou ações já existentes por subscrição na bolsa de valores. "Essencial para levar a Vulcabras a um novo ciclo de crescimento", frisa.
Desafios e aprendizados
Bartelle considera que “ter nascido dentro de uma indústria calçadista (Vulcabras) que conquistou o sucesso com diversos produtos em seu portfólio e uma atuação robusta no Brasil e no exterior, trouxe o acesso a todo esse conhecimento sobre o setor e o negócio”. Por outro lado, o executivo observa que o desafio foi “conquistar o meu espaço dentro da empresa”. “As duas grandes reestruturações que vivenciei na Vulcabras, a primeira na Argentina e a mais profunda no Brasil, me prepararam para liderar a companhia”, pontua.
Grandes responsabilidades
Dentro do desafio de CEO da Vulcabras, Bartelle disse, certa vez, em uma entrevista que “estar à frente desta grande empresa significa enorme responsabilidade com funcionários, consumidores e mercado”. “Manter o crescimento sustentável de um negócio relevante para o setor e o País, engajar nosso time de colaboradores e ao mesmo tempo acompanhar as demandas do mercado e dos consumidores, é uma grande responsabilidade diária”, comenta o gestor da calçadista.
O executivo relaciona que, por meio de suas três marcas, “18 mil colaboradores da Vulcabras criam, desenvolvem, produzem e constroem um País melhor a partir do esporte”. “Um time que, com muito trabalho e dedicação, leva a excelência da Vulcabras para o Brasil e para o mundo. Um compromisso também com 18 mil famílias diretamente conectadas a empresa”, salienta.
Com a preocupação de gerar valor para os canais, a Vulcabras traz “inteligência de mercado” como diferencial para “levar a melhor estratégia” ao ponto de venda. “São 19 mil lojas que se abastecem da Vulcabras, ou seja, uma grande responsabilidade com empreendedores que têm na Vulcabras a grande parceira para calçados esportivos, vestuário e acessórios, e que encontram no nosso modelo de negócio o diferencial para ampliar margens”, pontua Bartelle.
O desenvolvimento da cadeia de fornecedores também é uma preocupação do executivo. “Fomentamos a inovação e a sustentabilidade por meio do diálogo colaborativo que visa aperfeiçoar a cadeia e impulsionar o desenvolvimento mútuo.”
IPO
No ano de 2017, Bartelle liderou a Vulcabras em um momento histórico, em seu IPO (oferta pública inicial, quando as ações da empresa passaram a ser vendidas ao público em geral na bolsa de valores). “Foi fundamental para acelerar a retomada do crescimento da companhia. Além do investimento em nossas fábricas e no nosso centro de P&D (pesquisa e desenvolvimento) de calçados esportivos, para modernizar nossa operação, foi também nesse período que tomamos a decisão de focar o negócio no segmento esportivo (quando a companhia licenciou para a Grendene a marca Azaleia de moda feminina), o que nos propiciou ganhos de sinergia e eficiência.” Para tal, ele cita a ampliação do portfólio de marcas esportivas, hoje composto por Olympikus, Mizuno e Under Armour.
Total geração de valor
Segundo Bartelle, o foco na gestão de marcas esportivas, somado a verticalização da indústria e de P&D com inteligência de mercado estruturada e que “gera valor para o cliente, nos faz ter um modelo de negócio totalmente único no mercado”. “Temos agilidade para abastecer o mercado, ampliando potencial de ganho dos varejistas que repõem frequentemente itens que mais vendem. Assim, criamos maior sincronismo e eficiência na Vulcabras, tornando-a uma sportech competitiva, resultado de um modelo de negócio que nos permite conhecer profundamente nosso consumidor e o mercado.”
Competitivo globalmente
Sobre as questões latentes envolvendo competitividade, Bartelle considera que para competir no mercado global com os maiores produtores asiáticos, “aprendemos a atuar de maneira mais ágil e flexível, e altamente produtiva”. “Hoje somos mais produtivos que os asiáticos. Nosso parque industrial é composto por modernas tecnologias e produção de nível mundial, o que nos permite entregar ao nosso cliente um grande diferencial competitivo: a flexibilidade de entregar com rapidez os produtos com tecnologia de padrão internacional.”
Em relação às perspectivas para a Vulcabras, que cresceu cerca de 30% em 2022, Bartelle destaca que “a partir do plano estratégico traçado, vamos buscar seguir evoluindo e crescendo independentemente do cenário, com olhar atento para as transformações do setor e o comportamento dos consumidores.”