Negócios
Nelson Magagnin: um profissional multitarefas
Com mais de 20 anos de mercado, gestor de Marketing do Grupo Ramarim compartilha suas estratégias
Última atualização: 17/06/2024 08:28
Há mais de duas décadas Nelson Rodolfo Magagnin, 38 anos, vem se desenvolvendo e se destacando na área de criação. Gestor de Marketing no Grupo Ramarim (Nova Hartz/RS) e especialista em Marketing e Design de Produto pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), ele é natural de Farroupilha/RS e morador de Novo Hamburgo/RS. Grandes empresas como Grendene (Farroupilha/RS), Grupo Dass (Ivoti/RS), CooperShoes (Picada Café/RS), Vulcabrás (Parobé/RS) e Universo Dakota (Nova Petrópolis/RS), foram determinantes para a construção da carreira, na qual se descreve como multitarefas. Na entrevista a seguir ele compartilha sobre suas estratégias e perspectivas profissionais.
Como se deu a trajetória da sua carreira?
Meu primeiro emprego foi na transportadora do meu tio, onde fiquei até o começo dos anos 2000. Minha carreira começou como designer de produto. Em 2014 abri minha empresa de assessoria, fazendo a parte de desenvolvimento de produto, branding, estratégia de marca e posicionamento. Nesse período, desenhei produtos para Adidas, Oakley, Timberland e Quiksilver. Em 2016 eu fui montando uma equipe com estagiários. Atendia vários clientes, até agências de celebridades e comediantes. Expandi bastante o leque. Também entrei no universo fitness e montei uma marca de roupas. Então vim me direcionando para a área de Marketing.
Como foi o seu início no Grupo Ramarim até ocupar o atual cargo?
Em 2016 um dos clientes que entrou no meu portfólio foi a Ramarim e passei a assessorar a Whoop. Nesse meio tempo percebemos que as estratégias com agências de publicidade estavam sendo custosas e que não conseguíamos fazer tudo o que precisávamos. Como eu já lidava com essa parte de posicionamento de marca, fizemos o teste de tirar a agência que cuidava da Whoop para trabalhar no formato de assessoria interna e funcionou bastante. Em 2018 eles me convidaram para assumir o Marketing e foi um desafio. Começamos esse momento de transformação e hoje conseguimos entregar até quatro vezes mais do que antes com o mesmo custo.
Qual o público-alvo e principal posicionamento do Grupo Ramarim?
Falando de Ramarim, antes tínhamos um público de 25 a 35 anos. Mas quando começamos a pesquisa em 2018, vimos que o público era de 40 a 55 anos. As pessoas que estavam comprando tinham lembrança da marca devido ao sucesso dos anos 2008 e 2012. A partir disso identificamos que precisávamos conquistar públicos mais novos. Hoje direcionamos a comunicação para o público-alvo de 15 a 30 anos. Estamos atingindo bastante, mas percebemos que o público que têm maior poder aquisitivo acaba sendo o de 25 a 35 anos, então traçamos esta estratégia: falar com o público mais novo para ser inspiracional. Na Comfortflex trabalhamos na faixa etária acima de 35 anos. Estamos trazendo a marca para um estilo "healthy", associado à qualidade de vida e bem-estar, então estamos desenvolvendo calçados mais versáteis para o dia a dia. A Ramarim tem uma pegada fast fashion posicionada e a Comfortflex também, mas com o diferencial do conforto.
A pandemia causou mudanças de comportamento no consumidor. Quais foram as estratégias adotadas para seguir impactando o público?
Já era nossa estratégia, identificada em pesquisas, que deveríamos focar em comunicação digital. Outra estratégia forte foi o marketing de influência. Percebemos como as pessoas se inspiram em outras. Não só as macro influenciadoras, mas as micro também. Por exemplo, as macro são as que conseguem dar dimensão de marca, como a Andressa Suita. Fizemos duas campanhas com ela e foram muito bem aceitas. Temos as micro influenciadoras, que é quando alguém vê o produto na rede social de um conhecido. É uma conversão muito mais rápida, não tem um alcance tão grande, mas funciona bem. Na pandemia, como todos estavam em casa, consumindo o digital, foi uma oportunidade de reforçar essa estratégia e confirmar que ela funciona. Identificar onde está cada público também é importante, como saber quem é fiel ao Facebook, ao Instagram, quem migrou para o TikTok e aqueles que buscam referência no Pinterest. Existem vários canais que estamos inserindo em nosso plano de mídia.
"Se pudesse dar uma dica é de que precisamos ser muito versáteis, nos adaptar rápido às mudanças e absorver a maior quantidade de informações possível."
De que forma o grupo utiliza o feedback do consumidor final e lojista para qualificar os processos de Marketing?
São extremamente importantes porque estou escutando meu cliente e meu consumidor final. Ninguém é dono da verdade, então por mais que a gente monte um planejamento e defina uma estratégia, se chegar no consumidor e não funcionar, é preciso ter a versatilidade de corrigir rápido e entregar o que se está pedindo. Nosso consumidor tem voz ativa. Na nossa estratégia digital ele é uma grande lupa porque o que o consumidor está pedindo, o mercado está pedindo. Procuramos nos adequar rapidamente a estes movimentos e os aplicar em nossas estratégias. É um olhar interessante. É a pesquisa de mercado em tempo real.
O que você acredita ser necessário para um líder de Marketing se conectar com a marca que trabalha?
É bem desafiador e ao mesmo tempo fácil, nos dias atuais, estarmos conectados com nosso consumidor, lojista e a própria equipe, em que precisamos fazer uma gestão pessoal diferenciada. Se pudesse dar uma dica é de que precisamos ser muito versáteis, nos adaptar rápido às mudanças e absorver a maior quantidade de informações possível. Na questão de relacionamento, a gente precisa ser uma vitrine. Ainda mais quando se monta uma estrutura interna e precisa buscar uma solução prática, é necessário ter bons fornecedores e contatos. Hoje não se pode ficar sentado na cadeira, precisa estar em movimento no mercado, ativo e sempre antenado ao que está acontecendo. Fui criticado no passado por trocar muito de empresa, mas foi o que me fez chegar até aqui, com várias ferramentas de trabalho. Precisamos ter constância, foco e objetivo. A gente tem que ser muito ativo, ligado no mercado e uma coisa que só com a experiência chega, é a nossa percepção. Esse amadurecimento é necessário, mas é preciso paciência e tempo.
Na sua perspectiva profissional, como integrar e engajar a equipe para captar a necessidade do cliente e gerar mais oportunidade de negócios?
Treinamos pessoas para serem multitarefas, então a nossa equipe, por ser enxuta e trabalhar duas marcas, é bem versátil. É importante a gestão de pessoas, a parte motivacional, mostrar que existe grande potencial de crescimento na empresa, que novos negócios estão acontecendo, que o mundo está mudando e que a marca está evoluindo. É um trabalho diferenciado que fazemos e muito vem do meu perfil, porque como já trabalhei como designer, tive a minha marca, fiz assessoria, me tornei multitarefas. Me encaixo em qualquer sistema organizacional e tenho ferramentas para entregar. Então eu gosto de transmitir isso para eles, que precisamos ser versáteis e que quanto mais ferramentas tivermos mais seguros estaremos e mais poderemos entregar. São diferenciais de mercado que acredito muito.