Negócios do setor de máquinas para couro e calçado desaceleraram ao longo de 2022
Os negócios da indústria brasileira de máquinas e equipamentos para os setores do couro e do calçado desaceleraram em 2022, tanto no mercado interno quanto em âmbito externo. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins (Abrameq), o resultado foi impactado, especialmente pela guerra na Ucrânia e, mais recentemente, no ambiente doméstico, pela incerteza da política econômica do novo governo – o que na avaliação da entidade tem freado os investimentos em bens de capital.
“O ano de 2022 foi bom, mas pior que 2021. A ‘desglobalização’ em curso nos torna mais atraentes como fornecedores. Estar longe da guerra também. Isto pode ter um resultado líquido bom para o Brasil”, observa o presidente da Abrameq, André Nodari.
Desajustes na cadeia de suprimentos
Na avaliação de José Velloso, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), os contínuos desajustes na cadeia de suprimentos globais, ao longo de 2022, criaram ondas inflacionárias. “Cujas ações de controle, focadas na elevação das taxas básicas de juros, podem aprofundar a recessão do planeta. Tal situação é ruim para os mercados emergentes e em especial para a economia brasileira, apesar dos sinais positivos no mercado doméstico”, sustenta o dirigente.
Velloso aponta que, nos últimos 30 anos, a indústria de transformação vem perdendo participação no Produto Interno Bruto (PIB) – saindo de 20% do PIB para os atuais 11%, bem como vem perdendo participação nas exportações brasileiras. “Em 2022, teremos a pior balança comercial de manufaturados de todos os tempos. É previsto um déficit na balança comercial de manufaturados acima de US$ 125 bilhões”, frisa.
Desaceleração significativa dos negócios
A Master – Soluções que Conectam (Novo Hamburgo/RS), empresa que fornece máquinas e soluções para o setor coureiro-calçadista, viu seus negócios desacelerarem a partir do último trimestre do ano. “Teve uma desaceleração significativa a partir de outubro. Houve uma acomodação de preços das matérias-primas e componentes, que desde julho apresentavam estabilidade”, afirma o diretor-administrativo da empresa, André da Rocha. Segundo ele, os negócios da companhia no mercado interno mantiveram um bom nível durante o primeiro semestre. “Porém, foram duramente afetados pelo aumento de juros combinado com o alto nível de incerteza da política econômica do novo governo”, acrescenta.
Com clientes internacionais na América Latina, América Central, Ásia, Europa, África e América do Norte, a Master teve um resultado melhor no mercado externo na segunda metade do ano. “Tivemos alguma reação no segundo semestre. Contudo, 2022 foi um ano que iniciou muito bem e termina de maneira melancólica para decisão de investimentos devido ao nível de incertezas”, completa Da Rocha.
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