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Mercado interno deve puxar crescimento do setor calçadista brasileiro em 2023

Mercado interno deve puxar crescimento do setor calçadista brasileiro em 2023

Em 2023, o crescimento do setor calçadista brasileiro será impulsionado pelo mercado interno, que absorvendo 85% das vendas, deve consumir entre 754 milhões e 757 milhões de pares, altas entre 3% e 3,4% ante 2022 – crescimento que ainda situa o mercado interno cerca de 7% abaixo do nível pré-pandemia (2019). A projeção foi divulgada pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), durante o evento Análise de Cenários, no dia 25 de abril.

Conforme o doutor em Economia e consultor setorial da Abicalçados, Marcos Lélis, a inflação mundial elevada nas principais economias, o ajuste de estoques nos Estados Unidos, a redução dos preços dos fretes internacionais e a retomada da China após um período de restrições provocado pela política de Covid Zero devem impactar nas exportações brasileiras. “A valorização do real diante do dólar, resultado da alta taxa de juros praticada no Brasil e da queda dos juros nos Estados Unidos, também deve ter impacto nos resultados das exportações”, aponta.

A economia brasileira, por sua vez, deve crescer 0,9% em 2023, depois de um crescimento mais expressivo, de 2,9% no ano passado. “O Brasil, já falamos em outras oportunidades, tem um teto de crescimento provocado pelas dificuldades estruturais, de falta de investimentos públicos e privados. Hoje, operamos com a taxa de juros elevada, o que dificulta e encarece ainda mais o crédito”, ressalta Lélis. O endividamento das famílias, ainda em padrões muito elevados, de 78,3%, também deve impactar no crescimento da economia nacional.

Exportações perdem força

A coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck, destaca que, diferente do ano passado, em que o crescimento foi impulsionado pelas exportações de calçados, em 2023 o incremento será resultado do aumento do consumo interno. Para o ano, segundo a economista, existe um cenário de choque de desvalorização cambial, somado à redução do custo do frete internacional, beneficiando as exportações asiáticas, a retomada forte da China, o ajuste de estoques nos Estados Unidos e a desaceleração internacional provocada pela inflação. “O real valorizado torna o produto brasileiro mais caro para o comprador internacional, ao mesmo tempo em que a queda no valor dos fretes internacionais favorecem a retomada das exportações da China. Já nos Estados Unidos, nosso principal destino no exterior, o varejo comprou mais do que foi consumido ao longo de 2022. Agora, o varejo local deve realizar um ajuste de estoques e, consequentemente, diminuir suas importações totais”, explica.

Neste cenário, segundo Priscila, as exportações de calçados devem cair entre 6,7% e 9,1% em 2023 – para entre 129 milhões e 132,4 milhões de pares –, ainda assim ficando acima dos níveis pré-pandemia, em 2019. “Desta forma, compondo a queda nas exportações e o crescimento no mercado interno, devemos encerrar o ano com uma produção de calçados entre 1% a 1,7% maior do que em 2022, com a soma de aproximadamente 860 milhões de pares produzidos”, projeta Priscila. 

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