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Luis José Coelho: especialista do setor calçadista tanto na teoria quanto na prática

Luis José Coelho: especialista do setor calçadista tanto na teoria quanto na prática

A série Feed de Mercado dá sequência ao projeto Calçado & Carreira. Capitaneado pelo Jornal Exclusivo e Orisol do Brasil, apresenta cases inspiradores e valoriza os profissionais que fazem a diferença no setor calçadista, tanto no mercado nacional como internacional.

Especialista, indivíduo que possui habilidades ou conhecimentos especiais ou excepcionais em determinada prática, atividade, ramo do saber, ocupação, profissão, etc. E se tem uma pessoa que se encaixa perfeitamente na definição de especialista do setor calçadista, essa pessoa é Luis José Coelho, o Coelho. Ele é um consultor especializado em calçados, com uma experiência de 30 anos no setor. Credenciado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), encabeça projetos e estudos dos segmentos de calçados e bolsas em diversos polos calçadistas do País. Coordena a Fábrica Conceito e o Estúdio Fimec na Fimec – Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes. Coelho também desenvolveu trabalhos em algumas das principais empresas de calçados da Argentina, Equador, Chile e Colômbia. Atuou como diretor universitário e em centro tecnológico nacional. Tem experiência na reestruturação e reorganização de plantas industriais de calçados.

O ingresso de Coelho no setor calçadista aconteceu tão logo ele concluiu o curso técnico em Química na Fundação Liberato Salzano Vieira da Cunha, em Novo Hamburgo/RS, ainda na década de 1980. Na época, ele foi contratado para trabalhar na então Escola Técnica do Calçado Senai. A missão inicial era montar um laboratório de Química e outro de controle de qualidade das matérias-primas e dos calçados produzidos no Brasil, com equipamentos comprados em Pirmasens, na Alemanha. Posteriormente, cursou Técnologo de Produção de Calçados na Universidade Feevale. A partir daí, trabalhou em duas empresas do setor de componentes para calçados até ser convidado para a gerência técnica do Centro Tecnológico do Couro, Calçados e Afins (CTCCA), atual Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC). Em 1991, passou a ser diretor-superintendente da instituição.

Conforto do calçado

Entre maio de 1991 e dezembro de 1994, quando atuou no CTCCA, Coelho conta que vivenciou um “período de grande avanço” da instituição. “Junto com o presidente da época, o empresário José Nilton Dias Forte (in memoriam), iniciamos os estudos para definir o perfil antopométrico do pé brasileiro e que originou todo o conhecimento que se tem hoje sobre o conforto no calçado”, explica. Nesta mesma época, a Feevale o convidava para coordenar os cursos superiores de Tecnologia do Couro e do Calçado. “Com 32 anos eu era diretor no CTCCA e na Feevale”, relembra.

Consultoria consolidada

Em 1995, após deixar o cargo de diretor industrial de uma grande empresa de calçados do Vale do Sinos, Coelho resolveu empreender e ter a sua própria empresa de consultoria. Junto com um amigo, começou o empreendimento e, quatro anos depois, optou por seguir sozinho atendendo as principais fabricantes de calçados da América do Sul a partir da Coelho Assessoria Empresarial. Em 2023, o negócio completa 28 anos de mercado. “Todo este tempo contei com a ajuda de alguns consultores que fizeram e alguns que ainda fazem parte da minha equipe. Buscamos sempre trazer resultados concretos para as empresas que atendemos, reorganizando a área industrial e integrando de forma eficiente com as outras áreas da empresa”, destaca.

A empresa de consultoria capitaneada por Coelho atua em praticamente todos os polos calçadistas do Brasil e em diversos países da América do Sul, como Colômbia, Equador, Peru, Chile, Argentina e Uruguai. Em 2005, a consultoria de Coelho foi procurada pela Associação Colombiana das Indústrias de Couro e Calçados (Acicam), que tinha um projeto aprovado pela UNIDO – agência da ONU especializada no desenvolvimento industrial –, e necessitava de profissional especialista em calçados para realizar projeto de desenvolvimento com dez indústrias calçadistas colombianas. “Tivemos que realizar um curso promovido pela ONU e depois nos submeter a um teste, para poder ser aprovado para coordenar o projeto”, comenta Coelho.

Colômbia

Em 2013, a consultoria de Coelho foi contratada pelo governo colombiano para realizar plano de negócios dos setores de couro, calçados, bolsas e roupas de couro, para o período de 2013 a 2028. Em associação com a Universidade Rosário de Bogotá, elaborou documento, que rendeu três volumes e quase mil páginas, com um diagnóstico – com informações coletadas em sete cidades – do que deveria ser feito para desenvolver a indústria colombiana. “No final do trabalho, percorremos as mesmas cidades, juntamente com o Ministro da Indústria e Comércio da Colômbia, para apresentar os resultados. Foi um trabalho extenuante, com informações sobre todos os setores pesquisados e a orientação detalhada do que deveria ser feito para o desenvolvimento da indústria local”, conta.

Pilares globais do setor

Em relação à questão da indústria calçadista brasileira ser competitiva perante aos grandes players globais do setor, Coelho faz algumas ponderações e sugere alternativas. “Devemos separar as indústrias brasileiras por nível tecnológico. As mais avançadas são competitivas frente a grandes players internacionais. Contudo, quando a competitividade se resume apenas a preço, a China ainda é um competidor invencível. Para superarmos esta desigualdade (que reduziu muito nos últimos anos), devemos continuar buscando mais agilidade de desenvolvimento, mais eficiência produtiva e melhor qualidade de produto”, sugere o especialista.

Futuro da indústria

 Entusiasta do calçado, Coelho acredita que a indústria calçadista brasileira “vai trazer ainda, por muito tempo, desenvolvimento para as comunidades onde está inserida”. Porém, ele manifesta preocupação com o conhecimento técnico no setor. “Temos menos empresas que no passado, mas temos empresas muito melhores e produzindo mais que há 20 ou 30 anos. A minha preocupação é com o nível de conhecimento técnico existente nas indústrias: temos menos profissionais especializados e este número vem baixando. Precisamos motivar os jovens a estudar as técnicas de desenvolvimento e produção de calçados. Precisamos criar cursos de nível superior, como tínhamos no passado, que ensinassem a tecnologia de produção de calçados”, recomenda. 

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