Negócios
Indústria gaúcha registra nova desaceleração; saiba os motivos
Esta é a terceira retração consecutiva da produção industrial no RS
Última atualização: 03/09/2024 09:03
Queda na produção e no emprego, além de acúmulo de estoques, foram a consequência de nova desaceleração na indústria gaúcha, em junho, revela a pesquisa Sondagem Industrial RS, divulgada nesta terça-feira (25). O índice de evolução da produção atingiu 44,9 pontos, a terceira retração consecutiva da produção industrial, e, nos últimos dez meses, cresceu apenas em março de 2023, terminando acima dos 50 pontos.
“Esse recuo no mês passado foi provocado especialmente pela demanda interna insuficiente e pelos altos níveis de juros. De uma forma geral, o empresário gaúcho se sente inseguro diante dessas dificuldades e, para os próximos seis meses, espera uma melhora na demanda, mas sem geração de emprego, demonstrando também pouca disposição para investir”, diz o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Porcello Petry, ao analisar o resultado do levantamento realizado pela entidade. O aspecto positivo da pesquisa ficou por conta da retração nos preços das matérias-primas.
Emprego
O emprego caiu pela nona vez seguida, em ritmo também mais intenso que o padrão do mês: o índice do número de empregados foi de 46,4 pontos em junho, contra uma média de 47,1. Os dois índices variam de zero a cem pontos, e os dados acima de 50 indicam crescimento e abaixo, queda na comparação com o mês anterior.
Mesmo com este cenário negativo na produção, a utilização da capacidade instalada (UCI) cresceu três pontos percentuais, de 67% para 70%, ficando também acima da média histórica de 68,9% do mês de junho. Porém, os empresários a consideram bem abaixo do nível normal para o mês, pois o índice de UCI em relação a usual atingiu 40,7 pontos no mês passado, valor bem inferior ao usual de 50.
Estoques
Outro aspecto negativo apontado pela Sondagem Industrial está nos estoques de produtos finais, que continuaram crescendo e acima do nível desejado, mesmo com a contração na produção. O índice de evolução de estoques registrou 52,1 pontos no mês e o que leva em consideração o nível planejado pelas empresas, 53,2. Acima dos 50 pontos mostram, respectivamente, que os estoques cresceram em relação a maio e ficaram em patamar superior ao esperado pelos empresários, fenômeno repetido desde setembro de 2021.
Trimestre
Na análise trimestral, a Sondagem Industrial mostra que a demanda interna insuficiente, a alta taxa de juros e a elevada carga tributária foram os principais problemas enfrentados pela indústria gaúcha ao longo de todo o segundo trimestre. Enquanto as respostas em relação à demanda perderam força ante o primeiro trimestre, de 45,5% para 42,7%, aumentaram as assinalações sobre a carga tributária e os juros, ambos com 34,4%, vindos, respectivamente, de 28,6% e de 33,3% do trimestre anterior.
A pesquisa detectou ainda que o empresário gaúcho se mostra satisfeito com a situação financeira, mas insatisfeito com relação às suas margens de lucro entre abril e junho. Os dois índices oscilaram para cima entre o primeiro e o segundo trimestre: o de satisfação com a situação financeira, de 49,7 para 50,1 pontos, enquanto a margem de lucro saltou de 43,6 para 44,1, ainda bem abaixo dos 50 pontos.