Impressão 3D é mercado de US$ 1,6 bilhão; quais oportunidades para a indústria calçadista?
Até 2026, o mercado de calçados impressos em 3D deve crescer US$ 1,62 bilhão. A informação é da empresa britânica de pesquisas TechNavio, que estima uma taxa de crescimento anual composta de 19,68% para o período. Entre os principais produtores mundiais de calçados, o Brasil (deve fechar 2023 com 857,3 milhões de pares produzidos, projeção da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados – Abicalçados) enxerga muitas oportunidades em termos de manufatura aditiva – a impressão 3D é um dos modelos deste processo.
“A manufatura aditiva não é novidade na indústria de calçados. A grande diferença agora é um olhar para a escalabilidade dessa tecnologia”, afirma Gustavo Dal Pizzol, empresário que é referência em impressão 3D de componentes para calçados no Brasil. Segundo ele, o ponto-chave é o investimento em tecnologia no País para validação do custo das impressoras para que se estabeleça a criação de parques fabris de produção de peças 3D. “Este movimento é novo no mundo, ou seja, estamos colocando o Brasil junto a grandes players mundiais, ao passo que é possível desenvolver estas tecnologias de forma muito mais rápida do que fazíamos há alguns anos”, pontua Dal Pizzol.
O designer gaúcho Vinícius Dapper, fundador da marca homônima de calçados, considera a impressão 3D uma realidade no setor. “Já oferece excelente suporte aos centros de pesquisa e desenvolvimento da indústria calçadista”, frisa. Dapper lembra que o processo ainda apresenta limitações relacionadas ao ganho de escala industrial, mas vê um enorme potencial na tecnologia. “Estamos falando de uma ruptura que pode revolucionar a forma com a qual nos relacionamos com os bens de consumo.”
Mão de obra
Sobre a implementação da impressão 3D na indústria brasileira, Dal Pizzol sugere, inicialmente, a montagem de setores de manufatura aditiva dentro das empresas. Para isso, ele acrescenta que o mercado necessitará, ainda mais, de mão de obra qualificada para suprir as necessidades deste segmento. “Estamos precisando de grandes projetistas, profissionais que dominem modelamento 3D de produtos e que hoje estão dentro das matrizarias, desenvolvendo moldes”, aponta Dal Pizzol.
Viável e escalável
Em relação à questão de escalabilidade da impressão 3D na indústria brasileira, Dal Pizzol considera que viabilizar a diminuição dos custos com equipamentos é o primeiro passo a ser seguido. Além disso, ele observa que outro ponto-chave dentro deste processo são as matérias-primas disponíveis. “As cadeias de fornecimento de produtos químicos, em especial as de resinas, têm evoluído rapidamente e em termos de tecnologia e justamente em escala, para validar a questão da redução dos custos em termos de material. Diria que o mercado está maduro e suficientemente pronto para substituir as tecnologias tradicionais de injeção e de matrizaria por esse processo (impressão 3D) de manufatura aditiva”, sustenta o empresário.
Resinas em escala industrial
A Killing (Novo Hamburgo/RS) lançou, no mês passado, a KED, marca de resinas para impressão 3D, produzida em escala industrial. O produto, que começou a ser desenvolvido em 2017 pelo laboratório de pesquisas da empresa, contou com um investimento superior a R$ 2 milhões. “O mercado global de materiais para impressão 3D movimenta R$ 14,3 bilhões. Já o segmento de impressão 3D por fotopolímeros, como o que desenvolvemos, representa uma fatia de 25% desse valor, R$ 3,6 bilhões anuais. O Brasil ainda tem muito a crescer e estamos orgulhosos de sermos pioneiros nessa tecnologia nacional desenvolvida em escala industrial”, destaca Felipe Killing Schemes, da área de novos negócios da Killing.
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