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Fabricante de calçados paralisa atividades

Fabricante de calçados paralisa atividades

Com 32 anos de mercado, a Calçados Malu (Lindolfo Collor/RS), fabricante da marca Malu Super Confort, paralisou as atividades. A empresa pertence ao Grupo Minuano, companhia com R$ 250 milhões de dívida e que teve recuperação judicial homologada pelo Juízo da Vara Regional Empresarial de Novo Hamburgo/RS em 9 de janeiro – o pedido de recuperação havia sido requerido em 3 de agosto de 2020.

“Com a aprovação do plano de recuperação judicial (aprovado em assembleia de credores no dia 29 de novembro de 2022), tivemos que paralisar por prazo indeterminado o negócio de calçados, uma vez que, devido a economia global, este não gerava resultado sustentável. Os demais negócios (estofados e curtume), seguem com suas atividades, buscando fortalecimento e crescimento constante”, diz a companhia em nota enviada ao Exclusivo.

Das três fábricas de calçados, a empresa fechou as de Lindolfo Collor/RS e a mais recente, em Crissiumal/RS, com a demissão de 350 trabalhadores. A unidade de Alagoinhas, na Bahia, foi assumida pela Arezzo&Co no final de 2021.

“O plano de recuperação judicial prevê a possibilidade das empresas fecharem unidades produtivas e realizarem fusões ou incorporações”, explica o advogado Ernesto Flocke Hack, responsável pela recuperação judicial do Grupo Minuano.

O Grupo Minuano seguirá em recuperação judicial até 9 de janeiro de 2025. “Ao final deste período, caso todas as obrigações com os credores estejam em dia, o processo será encerrado, mas os pagamentos dos parcelamentos dos créditos permanecerão sendo de responsabilidade das empresas, até a quitação de todas as dívidas”, completa Hack.

350 demissões no Rio Grande do Sul

A Calçados Malu fechou, em 21 de janeiro, a fábrica de Crissiumal e demitiu 350 trabalhadores. “Todos os direitos trabalhistas já foram pagos, algo incomum para uma empresa em recuperação judicial”, salienta o presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado e do Vestuário do Estado do Rio Grande do Sul (Feticvergs), João Pires.

Segundo a empresa, todos os funcionários desligados em Crissiumal tiveram as homologações de suas verbas rescisórias acaompanhadas pelo sindicato da categoria. “A única exceção são as gestantes, as quais seguem normalmente na nossa folha, enquanto durar sua licença e posterior estabilidade”, informa a companhia por meio de nota.

Impacto da atividade na economia

A Malu era uma das maiores empregadoras e geradoras de retorno de ICMS de Crissiumal, onde esteve instalada por 14 anos. “Foram 350 demitidos, algo que para cidade de 14 mil habitantes é bastante significativo. É preciso considerar que cada um destes trabalhadores sustenta de duas a três pessoas”, afirma o presidente do Feticvergs, João Pires.

Os pavilhões e parte do maquinário utilizado pela empresa eram de propriedade da prefeitura de Crissiumal, que busca agora uma nova empresa para assumir a estrutura.

Segundo o dirigente do Feticvergs, três ateliês de Crissiumal, que empregam 180 trabalhadores e que produziam para a Malu, seguem trabalhando normalmente para outras empresas.

Calçados Malu

A Calçados Malu tinha capacidade de produção de 20 mil pares/dia, dos quais 80% eram destinados ao mercado externo. Este volume englobava tanto os calçados da marca própria Malu Super Confort (criada em 2009) quanto de outras etiquetas internacionais como Zara e Banana Republic, que a empresa produzia a partir do formato private label (produção para terceiros). A companhia também chegou a ser detentora da marcas Território Nacional e Hetane.

Com a marca Malu Super Confort, a Calçados Malu chegou a exportar para 30 países, tendo a Europa como o principal mercado internacional, principalmente Rússia, Portugal e Espanha.

Questionado sobre a possibilidade de voltar a produzir calçados em longo prazo, o Grupo Minuano se limitou informar que a paralisação das atividades do negócio calçados é por tempo indeterminado. “De momento, o Grupo Minuano não pretende produzir mais calçados”, disse a companhia em nota.

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