Exportações de couro têm a primeira queda em 2024
Pela primeira vez em 2024, as exportações brasileiras de couro caíram na análise isolada do mês. Em agosto acabaram sendo comercializados 13 milhões de metros quadrados e 38,3 mil toneladas, que geraram US$ 88,4 milhões. Quedas de 10,9% em metros quadrados, 6,3% em toneladas e de 14,3% em valor na comparação com o mesmo mês do ano passado. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços com análise do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).
Conforme Rogério Cunha, da área de inteligência comercial do CICB, a queda nas exportações de couro verificada em agosto “trata-se de um movimento natural do mercado”. “Que pode oscilar ao longo do ano, de acordo com estoques e períodos de desenvolvimento de coleções. Nesse momento, temos também o período de férias em alguns clientes. Os valores do couro também influenciam nesse cenário. Podemos analisar que há uma confluência de todos esses fatores nesse momento para a indústria em todo o mundo”, analisa.
Sete meses seguidos de crescimento nas exportações de couro
Por outro lado, Cunha destaca que como o Brasil teve sete meses seguidos de “crescimentos consistentes”. O acumulado desde janeiro segue positivo: 13,7% em dólares e 22,2% em área. Ao mesmo tempo, a recente participação nacional em feira chinesa deve gerar US$ 153 milhões a curtumes do Brasil.
O especialista do CICB acrescenta que alguns dos principais países importadores de couro do Brasil têm apresentado crescimentos “acima da média”, como é o caso da China e Hong Kong (principal cliente, com +21% sobre os primeiros oito meses de 2023) e do Vietnã (quarto maior mercado, com +100,9%).
Instabilidade no mercado
Cezar Müller, diretor do curtume AP Müller (Portão/RS), considera que as exportações da companhia no acumulado de janeiro a agosto de 2024 “foram consideradas muito instáveis”. “Com momentos de altos e baixos, mas de um modo geral ficaram aquém da nossa necessidade”. Ao mesmo tempo, Müller observa que “há uma instabilidade na economia mundial, que reflete no nosso negócio e nos negócios dos nossos clientes”.
Em relação às perspectivas para o setor coureiro no exterior, Müller acredita que o panorama pode mudar a partir de “novas sinalizações da política econômica, que poderá trazer estabilidade para o mercado do couro”.
Newsletter do Exclusivo: Cadastre seu e-mail
Share this content: