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Empresas brasileiras de químicos e componentes fidelizam clientes latino-americanos

Dos seis maiores importadores de materiais e produtos nacionais para a indústria coureiro-calçadista, quatro são países da América Latina

Publicado em: 28/02/2023 11:11
Última atualização: 12/09/2024 11:15

Dos seis principais destinos das exportações brasileiras de químicos e componentes para o setor coureiro-calçadista em janeiro, quatro são latino-americanos - movimento que acontece desde o segundo semestre de 2021. "Estes países vinham substituindo importações chinesas por brasileiras, por questões de altos custos com fretes e desabastecimento daquele mercado. O fato da China ter retornado ao mercado e mesmo assim esses compradores seguirem conosco demonstra fidelização", aponta o gestor de Mercado Internacional da Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Luiz Ribas Júnior.

Segundo a Assintecal, em janeiro, as exportações geraram US$ 27,85 milhões, 29% menos do que no mesmo mês de 2022. Já no comparativo com janeiro de 2019, portanto na pré-pandemia, o resultado aponta para estabilidade. A análise da entidade é de que existe um "ajuste" no mercado de químicos e componentes. "A China, após as restrições provocadas pela política de Covid-19, voltou com apetite ao mercado, regularizando os fluxos comerciais, incluindo os fretes, que estavam muito altos", comenta Ribas Júnior.

Principal destino das exportações, em janeiro a China importou o equivalente a US$ 4 milhões em componentes e químicos brasileiros, 263% menos do que em janeiro de 2022. Na segunda posição apareceu a Argentina, que em janeiro importou o equivalente a US$ 2,54 milhões do setor, 142% menos do que no mesmo mês do ano passado. Na sequência estão Colômbia (US$ 772,34 mil, incremento de 9%), Bolívia (US$ 620,64 mil, aumento de 3%), Estados Unidos (US$ 165,36 mil, queda de 124%) e México (US$ 396,2 mil, alta de 28%).

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Seis principais importadores em janeiro

China (US$ 4 milhões, -283%)
Argentina (US$ 2,54 milhões, -142%)
Colômbia (US$ 772,34 mil, +9%)
Bolívia (US$ 62,64 mil, +3%)
Estados Unidos (US$ 165,36 mil, -124%)
México (US$ 396,2 mil, +28%)

Fonte: Assintecal

Argentina

A Argentina, segundo principal mercado para o setor, sofreu com impactos da restrição aos pagamentos de importações, que segundo o Banco Central da República Argentina (BCRA) podem ser realizados em até 180 dias. “Os exportadores, principalmente os de menor porte, não têm condições de receber apenas 6 meses após o negócio concretizado. Por isso, muitos estão reduzindo ou até abandonando aquele mercado”, pontua Ribas Júnior.

Principais estados exportadores

O principal exportador de componentes e químicos em janeiro foi o Rio Grande do Sul, de onde partiram o equivalente a US 13 milhões, 62% menos do que no mesmo mês de 2022. Na sequência apareceram São Paulo (US 4 milhões, incremento de 20% ante 2022) e Santa Catarina (US 457,7 mil, queda de 12,6% ante 2022).

Produtos exportados

Os principais produtos exportados pelo setor em janeiro foram “Químicos para Couros”, que geraram US 18 milhões, 20% menos do que no mesmo mês de 2022. Na sequência apareceram os “Químicos para Calçados - adesivos”, com US 4 milhões e incremento de 12% ante 2022; e “Cabedais”, com US 3,84 milhões, queda de 84% ante o ano passado.

Ingresso no mercado externo

A RR Componentes (Três Coroas/RS), que iniciou projeto de exportação no final de 2022, está em tratativas com futuros clientes internacionais. “Em outubro de 2022, participamos da feira Anpic, no México, onde já encaminhamos amostras. Também expusemos na feira colombiana IFLS+EICI no começo do mês, quando iniciamos negociação com o mercado da Colômbia, que nos pareceu promissor para o nosso produto”, detalha o sócio-diretor da RR Componentes, Robson Nascimento. O gestor acrescenta que, a conquista, em janeiro, do selo Origem Sustentável – única certificação mundial de sustentabilidade para a cadeia produtiva do calçado – no nível diamante, o mais elevado (80% ou mais dos indicadores do programa alcançados), será um diferencial para a atuação da companhia no mercado externo.

Para ingressar no mercado externo, a RR Componentes desenvolveu um projeto de exportação, buscando se adaptar às necessidades dos clientes internacionais. “O principal foco estava na adaptação ao tipo de compra. No mercado interno, o cliente busca e gosta de exclusividade. Já, no mercado externo, especialmente na América Latina, o foco está mais nas facilidades e é onde comercializamos nossos produtos de linha, é algo mais commoditie”, frisa Nascimento.

A cada temporada, a RR Componentes chega a apresentar 300 novos desenvolvimentos de produtos. No mercado externo, o principal item negociado são os cordões de strass, o carro-chefe do portfólio da empresa do Vale do Paranhana.

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Volume exportado dentro do esperado

A FCC (Campo Bom/RS), empresa de ciência dos materiais, registrou um volume de exportação dentro do esperado para o mês de janeiro, porém em níveis mais baixos na comparação com o mesmo período de 2022. "Além do momento de demanda mais lenta, e entrada mais forte de produtos chineses nos países da América Latina, concorrendo com os nossos produtos a preços baixíssimos, também enfrentamos alguns desafios específicos como, por exemplo, a lentidão na emissão de licenças de importação na Argentina, destino importante de exportação para nós", declara o diretor de negócios da FCC, Marcelo Garcia.

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