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Com veto derrubado, texto da desoneração da folha de pagamentos será promulgado como lei
Benefício, que acabaria em 31 de dezembro, terá prorrogação até 31 de dezembro de 2027
Última atualização: 24/06/2024 16:13
O Congresso Nacional rejeitou, na tarde desta quinta-feira (14), o veto do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao projeto de lei que prorroga a desoneração da folha de pagamentos para 17 setores da economia intensivos em mão de obra, entre eles o coureiro-calçadista – com o benefício, as empresas substituem o pagamento de 20% sobre a folha de salários por 1% a 4,5% da receita bruta. O texto, que havia sido vetado integralmente, será agora promulgado como lei. O benefício acabaria em 31 de dezembro de 2023 e será prorrogado até 31 de dezembro de 2027, como previa o projeto de lei 334/23.
No Senado Federal, foram 60 votos pela rejeição do veto e 13 a favor. Na Câmara dos Deputados, houve 78 votos a favor do veto e 378 por sua rejeição.
A renúncia com a desoneração no setor privado é estimada pelo Ministério da Fazenda em cerca de R$ 9,4 bilhões.
"Alento em um momento ainda complicado para o setor"
A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) disse em nota que a prorrogação da desoneração da folha de pagamentos é um "alento em um momento ainda complicado para o setor". Conforme a entidade, somente na indústria calçadista, caso o benefício não fosse mantido, seriam perdidos mais de 20 mil postos de trabalho no primeiro ano de reoneração.
"Com uma carga extra de mais de R$ 720 milhões por ano, as indústrias de calçados precisariam recalcular suas rotas, investimentos e contratações. Com uma possível reoneração, teríamos uma queda de produção de mais de 150 milhões de pares e a perda de milhares de empregos logo no primeiro ano”, comenta o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, acrescentando que ao longo deste ano a produção calçadista registrou queda de 1%.
Com mais de 4 mil empresas, que empregam cerca de 300 mil pessoas diretamente no País, o setor calçadista é intensivo em mão de obra, estando presente, com força econômica, em mais de dez estados brasileiros. Somando toda a cadeia produtiva, dos fornecedores até o varejo, a atividade emprega, direta e indiretamente, mais de 1 milhão de pessoas.
Rejeição do veto à desoneração ""traz segurança a estrutura econômica do País"
O Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) "celebrou" a rejeição do veto presidencial à desoneração da folha de pagamentos. Segundo a entidade, a prorrogação do benefício "traz segurança a empresários, colaboradores e toda a estrutura econômica do País para geração de emprego e investimentos até o final de 2027".
"Essa é uma conquista de toda a sociedade. Trata-se de uma vitória do empresário, cujo empenho é imenso para fazer crescer a economia do País. É um marco das entidades que representam os 17 setores, que tanto articularam as aprovações da desoneração nos últimos meses e esclareceram em detalhes a importância desta medida, com diálogo e sensibilidade", diz a nota divulgada pelo CICB.
Municípios
Outro ponto do projeto que vai virar lei diminui, de 20% para 8%, a alíquota do INSS para municípios com população de cerca de 156 mil habitantes.
A redução seguirá uma gradação de acordo com o PIB per capita, conforme lista taxativa a ser publicada pelo Ministério da Fazenda, com base em dados do IBGE:
8% para os 20% de municípios com menor PIB per capita;
10,5% para aqueles entre 20% e 40% de menor PIB per capita;
13% para as cidades entre 40% e 60% com menor PIB per capita;
15,5% para municípios na faixa de 60% a 80% com menor PIB per capita; e
18% para os 20% de municípios com maior PIB per capita.