Brasil deve impulsionar PIB da América Latina, estima consultoria
Entre as sete maiores economias da América Latina, o Brasil terá crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,2% este ano, segundo maior índice da região, superado somente pelo México, que deve crescer 2,4%. Considerando todo o continente, a previsão é que os países latino-americanos cresçam 1,7% na média em 2023. As projeções são da Coface (São Paulo/SP), líder mundial em seguro de crédito e pioneira em serviços de informações comerciais, que realizou estudo em sete países do continente (Brasil, Argentina, México, Peru, Colômbia, Equador e Chile).
Segundo a economista da Coface para América Latina, Patricia Krause, embora o crescimento do PIB brasileiro tenha surpreendido no primeiro trimestre, ficando acima das previsões, é preciso ter cautela. “Quando se atenta para os diferentes indicadores que compõem o PIB, revela-se um impulso econômico mais fraco e desigual”, frisa.
Patricia lembra também que, apesar de uma atividade econômica relativamente resiliente, as empresas brasileiras são afetadas pelo aperto de crédito, como se observa ao verificar o crescimento acelerado dos pedidos de recuperação judicial: foram 593 no primeiro semestre, ou 52% mais que no ano passado.
Inflação
Em relação à inflação, o levantamento aponta retração dos índices de maneira geral na América Latina. A estimativa é que a inflação será de 5,0% no Brasil este ano e de 3,9% em 2024. Para o México, a previsão é de 4,5% este ano e de 4,1% em 2024. A Argentina também deverá ter queda da inflação no ano que vem, mas os níveis continuam elevados: a previsão é de 105% em 2024, contra 142,4% em 2023. Segundo a economista da Coface, a inflação vem perdendo força no continente “mas permanecerá em níveis historicamente elevados”.
Ciclo de alta de juros
O estudo considera que o ciclo de alta de juros está completo na América Latina e que em alguns países já se iniciou a redução das taxas, embora os juros reais devam se manter elevados no curto prazo. No Brasil, recorda a Coface, mesmo considerando que a taxa básica Selic tenha se mantido desde agosto do ano passado, os juros cobrados em empréstimos bancários continuam a subir.
Moedas
Quanto ao câmbio, o estudo lembra que as moedas locais apreciaram, de maneira geral, em comparação ao dólar durante o primeiro semestre de 2023. Segundo o levantamento, o real teve valorização de 11% no período, com estimativa de fechar o ano 7% mais apreciado, na comparação com 2022. Nesse item, o nível mais alto foi o registrado pela Colômbia, com 14% de janeiro a junho e com estimativa de 9% para o final do ano, na mesma base de comparação. “O ambiente externo e a política monetária restritiva na região deram suporte às moedas locais até agora”, recorda Patricia.
Inflação e crescimento nos Estados Unidos
De acordo com as previsões da Coface, a economia global vive atualmente uma desaceleração, impulsionada pelas economias avançadas, enquanto os mercados emergentes apresentam maior resiliência. No caso dos Estados Unidos, a pesquisa da Coface destaca que, apesar dos desafios, a economia conseguiu evitar a recessão, com a poupança acumulada durante a pandemia ajudando a amortecer o impacto da alta da inflação e do aumento dos custos de empréstimos.
Ruben Nizard, economista da Coface para a América do Norte, indicou que a taxa de inflação anual nos Estados Unidos diminuiu para 3% em junho de 2023, o que é significativamente menor do que a máxima de quatro décadas de 9,1% registrada anteriormente. No entanto, os núcleos de inflação têm mostrado uma queda menor.
A inflação moderou recentemente principalmente devido à queda nos preços de energia e bens, mas o economista alertou que o efeito de base favorável enfraquecerá na segunda metade do ano. Nesse contexto, ele indicou que enquanto o banco central norte-americano, o Federal Reserve (Fed), desacelera o ritmo de aperto monetário após uma agressiva campanha de alta de juros nos últimos 16 meses, a política monetária continuará restritiva para conter o risco de inflação persistente.
Em nota relacionada, Nizard mencionou que a crise bancária caracterizada pela falência de três bancos regionais parece estar contida, pelo menos por enquanto. No entanto, alguns bancos, especialmente os pequenos e médios, permanecem vulneráveis.
(*) Com informações da Coface.
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