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Área em que eram depositados resíduos da indústria calçadista é recuperada
Projeto, pioneiro no País, contou com investimento de R$ 10 milhões
Última atualização: 03/09/2024 09:06
O local que abrigava o aterro de resíduo industrial perigoso (arip) do Sindicato da Indústria de Calçados, Componentes para Calçados de Três Coroas (Sictc) foi devolvido ao município de Três Coroas/RS, no Vale do Paranhana. Da área de 5,5 hectares, que passou por processo de recuperação, foram retiradas 9 mil toneladas de resíduos da indústria calçadista. O projeto, pioneiro no Brasil, teve investimento de R$ 10 milhões, com recursos próprios do Sictc e de suas empresas associadas, e da Prefeitura de Três Coroas.
"Com imensa satisfação compartilhamos este momento histórico, que marca um feito inédito no mundo. Após esforço conjunto e dedicado, o aterro de resíduos industriais perigosos de Três Coroas teve seus resíduos devidamente destinados, encerrando com sucesso sua operação", diz o presidente do Sictc, João Batista Vargas de Souza.
Inaugurado em 2000, o arip foi o local para onde as indústrias associadas ao Sictc enviavam seus resíduos industriais, cerca de duas cargas semanais, até 2012. Daquele ano em diante, uma nova solução foi encontrada para esses descartes: o coprocessamento.
A partir de 2012, as valas, onde os resíduos eram depositados no aterro, passaram a ser esvaziadas, até que em 2018, o arip foi deixado completamente vazio. "Foi feito monitoramento ambiental, então, com a Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental), para a avaliar a devolução da área ao município", frisa a mestre em Ambiente e Sustentabilidade, e gestora ambiental do Sictc, Grasiela Rutiel Huff.
Em junho de 2017, o Sictc anunciava o zeramento do passivo ambiental de suas empresas associadas. Na época, o município figurava como o único polo calçadista do País a registrar este feito.
A cerimônia de devolução da área do arip ao município de Três Coroas ocorreu nesta terça-feira (25), na sede do Sictc. Desde 2000, o local era cedido pela Prefeitura de Três Coroas.
Coprocessamento
Em seis anos (no período de 2012 a 2018), das nove mil toneladas de materiais retiradas do aterro de resíduos industriais em Três Coroas e enviadas posteriormente para coprocessamento, estavam resíduos classificados como classe I (aparas de couro, outros resíduos contendo solventes orgânicos) e também resíduos classe II A (aparas têxteis impregnadas de plastômeros e elastômeros).
“No coprocessamento, para onde estes resíduos passaram a ser enviados em 2012, ocorria a queima desses materiais descartados em fornos de klinker. Assim, mais tarde, estes resíduos eram transformados em uma espécie de carvão, que abastecia os fornos de cimenteiras”, explica a gestora ambiental do Sictc.
Recuperação da área
O trabalho de recuperação da área do aterro industrial em Três Coroas envolveu, além da retirada das nove mil toneladas de resíduos, o cumprimento de algumas diretrizes estabelecidas pela Fepam no período de monitoramento do local. Foi solicitada a retirada dos drenos das valas em que estavam os resíduos, a remoção de 80 centímetros da argila do solo no interior/lateral das valas – este material também foi enviado para coprocessamento –, e o fechamento dos poços em que eram feitas as análises das águas subterrâneas.
Destinação da área recuperada
Ao Exclusivo, o prefeito de Três Coroas, Alcindo de Azevedo (PSDB), confirmou que a área recuperada deverá ser destinada a compostagem de podas, limpeza e manutenção do município. Outra proposta, comentada por ele, é a destinação do local para depósito de resíduos da construção civil. Nenhuma das alternativas necessita passar por aprovação da Câmara de Vereadoes.