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Entraves com Argentina em pauta na FIERGS

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Entraves com Argentina em pauta na FIERGS

Os entraves do comércio bilateral entre Brasil e Argentina pautaram os debates do seminário “A realidade econômica e as perspectivas comerciais da relação Brasil e Argentina”, promovido pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS) nesta terça-feira, dia 5, em Porto Alegre/RS. Com especialistas dos dois países, o evento trouxe importantes reflexões acerca do contexto atual e perspectivas dos negócios com o país vizinho. Na oportunidade, o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein (foto), fez um histórico das relações entre os exportadores brasileiros e os “hermanos”, que apesar de robusta nunca foi das mais pacíficas. Atualmente a Argentina é o segundo principal destino do calçado verde-amarelo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Entre janeiro e setembro deste ano, os argentinos compraram 6,76 milhões de pares, pelos quais pagaram US$ 98,7 milhões, uma queda de 2,7% em pares e incremento de 7% em dólares no comparativo com o mesmo período de 2012. Por outro lado, a base de comparação é fraca, já que o ano passado registrou uma queda de 30% com relação a 2011.

Klein ressaltou q ue os dados estão muito distantes da performance brasileira, que já foi de 20 milhões de pares exportados para lá. Segundo o executivo, a queda é motivada pelo crescente protecionismo argentino, algo inadmissível no contexto do Mercosul. Desde setembro de 2005, quando a Argentina adotou as licenças não-automáticas para importação, o problema vem se agravando, culminando na adoção das Declarações Juramentadas Antecipadas de Importações (DJAIs) – sob a política do chamado uno por uno – a partir de janeiro do ano passado. O motivo alegado era uma recuperação do saldo da balança comercial argentina através do controle artificial do fluxo das importações. Com resultado satisfatório alcançado, de maior equilíbrio nas contas, o governo Kirchner determinou o fim das licenças não-automáticas, dando início a um a breve trégua com os calçadistas brasileiros, findada em julho deste ano. “Hoje não mais de 741,8 mil pares de calçados barrados por conta das DJAIs, um prejuízo acumulado de mais de US$ 13,2 milhões”, afirmou Klein, que teme que os entraves se transformem em cancelamentos. “Já perdemos a oportunidade do Dia das Mães argentino, comemorado no dia 20 de outubro, agora corremos risco de não estar nas vitrines argentinas para as festas de final de ano”, alertou o dirigente.

PESQUISA – Recente pesquisa da Abicalçados com associados apontou que 39% dos exportadores brasileiros que trabalhavam com a Argentina deixaram de exportar para lá devido à imprevisibilidade dos negócios. “Não podemos assistir a deterioração deste importante comércio para o calçado brasileiro”, destacou o executivo, acrescentando que, ao mesmo tempo em que as exportações de produtos brasileiros para o país vizinho caem, as importações argentinas de calçados chineses aumentam. “É lamentável que isto ocorra dentro do Mercosul”, disse. Na oportunidade, o executivo ressaltou os esforços do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que sempre esteve ao lado do setor nas tratativas para o desentrave.

Por outro lado, os avanços têm sido muito tímidos. “Não entendemos e não aceitamos a atual posição do governo brasileiro na questão. O setor privado não pode assumir o ônus de uma decisão governamental de aceitar passivamente as restrições da Argentina em nome do relacionamento entre os dois países”, disse. Além do presidente-executivo da Abicalçados, participaram do evento os palestrantes: Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central do Brasil; o economista Juan Carlos de Pablo, colunista do La Nación; Marcos Oderich, coordenador do Conselho Agroindustrial da FIERGS; o cientista político Marcelo Suano, sócio-fundador do Centro de Estratégia, Inteligência e Relações Internacionais (Ceiri); o cientista político Vicente Palermo, do Centro de Investigaciones Políticas (Cipol); o subsecretário-geral da América do Sul, embaixador Antônio José Simões; e José Augusto Fernandes, diretor de Política e Estratégia da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A abertura do seminário ficou a cargo do presidente da FIERGS, Heitor Jos&eacu te; Müller, que destacou o problema do protecionismo argentino, especialmente no que diz respeito ao entrave de produtos sazonais, como o caso dos calçados.

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