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Aumento na importação freia produção brasileira de calçados

Indústria calçadista brasileira analisa cenário atual em coletiva de imprensa na 3ª BFSHOW.

Publicado em: 12/11/2024 16:05
Última atualização: 12/11/2024 17:36

O aumento de 20% na importação de calçados, principalmente do Vietnã e da Indonésia, tem freado a produção calçadista brasileira em 2024. Ao mesmo tempo, até outubro, os embarques do Brasil registraram uma queda de 20,7%. Os números foram compartilhados, nesta terça-feira (12), pelo presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, durante coletiva de imprensa da 3ª BFSHOW, em São Paulo/SP.

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Conforme o dirigente, até setembro, a produção brasileira de calçados cresceu 4,8%. A projeção é fechar o ano com incremento de 3%.

"O consumo aparente este ano cresceu 9%, enquanto que a indústria cresceu 4%. O consumo cresceu mais do que a indústria e a importação aumentou 20%. Isso afetou a nossa indústria, que cresceu, mas poderia ter crescido mais", analisa Ferreira.

Coletiva de imprensa da 3ª BFSHOW

Importação de calçados

A importação de calçados pelo Brasil é 80% oriunda de países como China, Vietnã e Indonésia. Contudo, Ferreira observa que está havendo um "rearranjo" da produção dentro da próprio Ásia. "Ha um aumento expressivo de importação de Myanmar e do Cambodja. Ao mesmo tempo, é verificada uma migração da produção dentro da Ásia de grandes produtores (China, Vietnã e Indonésia) para estes dois países (Myanmar e Cambodja)", comenta.

Rearranjo na produção asiática

O executivo da Abicalçados analisa que o rearranjo da produção dentro da Ásia tem refletido não só na importação como na exportação brasileira. "Essa concorrência predatória oriunda da Ásia tem prejudicao a nossa exportação, principalmente, para vários países da América Latina, que exportávamos muito, e também para os Estados Unidos", cita.

Para 2025

Para 2025, a indústria calçadista brasileira projeta um incremento de 2% na produção. "Isso será mais de 900 milhões de pares/ano. Vamos recuperar a produção, com um volume superior ao registrado antes da pré-pandemia", comenta Ferreira.

Competitividade

Também presente na coletiva de imprensa da 3ª BFSHOW, o presidente da Calçados Beira Rio S/A (Novo Hamburgo/RS), Roberto Argenta, comenta sobre a necessidade da indústria calçadista brasileira se tornar mais competitiva. "Temos condições e precisamos exportar mais", cita. O empresário acrescenta que o governo brasileiro precisa dar condições para que o setor consiga competir com outros grandes players internacionais. "Não se vê nenhuma ação concreta (do governo) para que tenhamos melhores condições de exportar."

Custos com mão de obra

Ainda dentro do tema competitividade, o CEO da Vulcabras (Jundiaí/SP), Pedro Bartelle, também presente na coletiva de imprensa, cita os custos com mão de obra. "O Brasil é capaz de produzir qualquer tecnologia, a nossa indústria é produtiva, porém, o custo de mão de obra na Ásia é um terço da nossa. Na Vulcabras, 40% do nosso custo é com mão de obra", salienta.

Bartelle sustenta que a Vulcabras tem conseguido ser competitiva perante grandes players internacionais a partir do desenvolvimento de um processo de produção flexível. "Um processo rápido para atender as demandas do mercado, para poder repor com seis meses de antecedência", complementa o executivo.

(*) Colaborou Luana Rodrigues, de São Paulo/SP.

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