×

O que o Brasil pode esperar do segundo governo Trump?

Em sua campanha eleitoral, Trump prometeu elevar as tarifas de importação

O que o Brasil pode esperar do segundo governo Trump?

Anteriormente, m janeiro de 2017, neste mesmo espaço, expus minhas perspectivas para o que seria o primeiro governo de Donald Trump. Naquela oportunidade afirmei que sua vitória deveria ser encarada como resultado do amplo descontentamento. Em especial, da classe média, com os rumos da economia norte-americana após a crise de 2008. O que possibilitou que uma pessoa sem carreira política pregressa (outsider), e com um discurso nacionalista, populista e, por vezes, misógino e xenofóbico surgisse como alternativa ao establishment.

Leia também:
Exportações para EUA crescem mais que para o mundo em 2024

Hoje percebemos, sobretudo, que este fenômeno não se limitou apenas aos EUA e se propagou por diversos países mundo afora.

Naquela mesma coluna, propus também um conjunto de questões relevantes que, na minha visão, se faziam necessárias para tentar inferir sobre como seria aquele futuro governo. Oito anos depois creio que estas mesmas perguntas ainda são atuais e assaz oportunas.

O que esperar do governo Trump? O quanto seu discurso de campanha acaba sendo efetivamente implantado? Afinal, quais os possíveis reflexos ao Brasil?

Siga o Exclusivo no Instagram

Trump e a elevação das tarifas de importações

Há grande expectativa de que a promessa de campanha de Trump de elevar as tarifas de importações para diferentes países venha ser efetivamente cumprida.

Observando os discursos de Trump contra as importações de produtos chineses, é muito provável que tal postura venha a exacerbar o protecionismo entre as duas superpotências.

Em sua campanha eleitoral, Trump prometeu elevar as tarifas de importação
Julia Demaree Nikhinson/AP Em sua campanha eleitoral, Trump prometeu elevar as tarifas de importação

Um forte indicativo disso, é a preparação, por parte da futura equipe econômica de Trump, do processo de saída dos EUA da OMC (Organização Mundial Comércio), instituição criada em 1995 justamente para disciplinar e dirimir conflitos comerciais entre países.

Lado fiscal

Já pelo lado fiscal, o futuro presidente tem indicado que quer favorecer e priorizar à atividade doméstica, corroborando com sua visão mais nacionalista da economia, o que deve culminar com maiores gastos em infraestrutura.

Maiores gastos públicos, concomitantemente à promessa de redução de impostos (especialmente para os mais ricos), trazem preocupação com a trajetória ascendente da dívida pública norte-americana, o que pode acelerar a inflação e obrigar o FED (o Banco Central norte-americano) a interromper o ciclo de afrouxamento monetária, ou até mesmo elevar, mais adiante, a taxa básica de juros.

Reflexo da taxa juros americana na economia brasileira

Para o Brasil, como sabemos, uma taxa de juros americana mais alta pode acarretar uma redução do fluxo de capitais e, por conseguinte, pressionar nossa taxa de câmbio.

Outro aspecto que pode trazer consequências à economia brasileira, será a política comercial do novo governo norte-americano.

Em dois momentos distintos, o futuro presidente dos EUA já ameaçou taxar mais as importações oriundas do Brasil.

Em uma primeira oportunidade, o presidente eleito ameaçou impor tarifas de importação de até 100% sobre produtos dos países do BRICS (grupo de economias emergentes do qual o Brasil faz parte), caso estes tentem substituir o dólar norte- americano por outra moeda em transações comerciais internacionais.

Num segundo momento, chegou a bradar: “A Índia cobra muito (tarifas sobre produtos importados dos EUA), o Brasil cobra muito. Se eles querem nos cobrar, tudo bem. Vamos cobrar a mesma coisa.”

“Ameaçar para depois tentar obter vantagens”

É sabido que esta é uma velha e conhecida estratégia de Donald Trump. Ameaçar primeiro para depois tentar obter vantagens em negociações bilaterais. Todavia, não me parece muito inteligente ignorar ameaças feitas pelo futuro líder da que ainda é a maior economia do planeta.

O fato que ninguém pode negar é que o retorno de Donald Trump à Casa Branca adiciona mais um elemento de incerteza. Principalmente na geopolítica global em geral e na economia brasileira em particular.

Newsletter do Exclusivo: Cadastre seu e-mail

Share this content:

Publicar comentário