Mês passado eu estava ministrando uma aula de Varejo de Moda em um curso de pós-graduação e, ao planejar o conteúdo da disciplina, percebi que eu não tinha mais como falar sobre varejo sem correlacionar com os conceitos de e-commerce, vendas online ou digitalização. Para quem cresceu em uma organização de varejo baseada em lojas físicas, shopping centers e fluxo de clientes, toda esta transformação é uma virada de chave muito importante.
Aqueles conceitos básicos do varejo continuam valendo (e muito), mas agora precisam atender as características singulares do varejo digital – afinal, é neste cenário para o qual estão todos olhando. A teoria precisa se adaptar à realidade, até mesmo porque, meus alunos pouco entenderiam na prática como funcionaria um varejo exclusivamente off-line.
Só para citar um exemplo, observemos o “P” de público: hoje, ele pode ser facilmente confundido com audiência ou seguidores de redes sociais. Uma vez que, boa parte dos seus clientes potenciais devem estar, de alguma forma, ligados à sua marca ou loja através da internet.
Aproveitando a temática do ensino, acredito que nós, profissionais de varejo, tenhamos aprendido a lição. Não é qualquer desafio que nos pega de calças curtas. Entendemos que não basta conectar à internet e manter o pensamento de varejo físico, pois novas necessidades vão surgindo no mercado e, quem quer estar à frente, precisa se adaptar a elas.
O ponto fundamental, como já comento há alguns meses, é não esquecer que o varejo é um tipo de serviço muito específico. O papel da venda é entregar o produto certo, na hora certa, com preço certo e, principalmente, com a maior conveniência possível para o nosso público. A certeza que eu posso dar é que, de alguma forma, esta conveniência desejada, em um dado momento, passa por algum meio digital.
A conveniência digital, portanto, é intrínseca ao negócio varejista contemporâneo. Obviamente, para cada negócio e posicionamento são exigidos formatos singulares de presença online, seja em um simples contato por mensagem de texto ou uma live show na qual o cliente pode fazer compras ao vivo.
O que seu negócio precisa é compreender as novas demandas de consumo dos seus clientes, surpreendendo-os em espaços e interações criativas nos canais mais prováveis de conversão em compras. Pode parecer complexo, mas barriga no balcão já não adianta mais de muita coisa.