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Bons ventos vindos do mercado de trabalho
Leia a opinião do economista Orlando Assunção Fernandes, articulista do Jornal Exclusivo
Última atualização: 27/08/2024 10:56
No mês passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou sua Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) com os números consolidados para o desemprego no Brasil ao final do primeiro semestre de 2023.
Os números surpreenderam favoravelmente com a taxa de desemprego recuando para 8,0%, a mais baixa para o período desde 2014. A taxa representa uma queda de 0,8 ponto percentual em relação ao primeiro trimestre e de 1,3 pontos ante o mesmo período do ano passado, quando a taxa foi de 9,3%.
Apopulação desocupada totalizou 8,6 milhões de pessoas, um recuo de 8,3% (cerca de 800 mil trabalhadores a menos) frente ao trimestre imediatamente anterior, e de significativos 14,2% (cerca de 1,4 milhões de pessoas) na comparação com o mesmo período do ano passado.
Já ototal de pessoas ocupadas totalizou 98,9 milhões, número recorde para a série histórica iniciada em 2012, com 1,1 milhões de pessoas ocupadas a mais do que no primeiro trimestre de 2023.
Apopulação desalentada (aqueles que desistiram, por alguma razão, de procurar uma ocupação) totalizou 3,7 milhões de pessoas, uma queda também expressiva de 13,9% (equivalente a 600 mil pessoas a menos) na comparação anual.
Outro número favorável foi o de empregados com carteira assinada no setor privado que passou para 36,7 milhões de trabalhadores, subindo 2,8% frente ao mesmo trimestre do ano passado (1 milhão de pessoas a mais na comparação anual). Já o número de empregados no setor público(12,2 milhões de pessoas) cresceu 3,1% também na comparação anual.
Mais um dado que corrobora a tese de recuperação do mercado de trabalho, refere-se ao rendimento real mensaldos trabalhadores (R$ 2.921) que ficou estável frente ao trimestre anterior, mas 6,2% maior que no mesmo período do ano anterior.
Todavia, a informalidade continuou sua trajetória de crescimento, representando agora 42,3% da população ocupada (ou 41,9 milhões de trabalhadores), o que evidencia que a precarização nas relações de trabalho continua a imperar no mercado laboral brasileiro.
Um exemplo desta precarização se refere ao número de empregados sem carteira assinada no setor privado que atingiu o número de 13,1 milhões de pessoas (303 mil pessoas a mais do que no primeiro trimestre), o maior valor da série histórica.
Como se pode depreender a partir dos dados divulgados pela PNAD do IBGE, fica notório que os números apresentam uma clara melhora, tanto no que tange aos níveis de ocupação, como na remuneração média dos trabalhadores, revelando os bons ventos vindos do mercado de trabalho.
A nota negativa fica por conta do crescimento da informalidade, o que representa uma piora na qualidade de boa parte das ocupações criadas.