Covid-19 ainda impacta o varejo de calçados

21.12.2021 - Michel Pozzebon | Jornal Exclusivo

Foto: Arquivo/GES
Nike concentra metade da sua produção de tênis na região do sudeste asiático
Um lockdown adotado pelo Vietnã, entre julho e outubro, para conter um surto de Covid-19, está causando escassez de produtos de marcas globais, que se tornaram dependentes dos fabricantes do país do sudeste asiático, como a Nike por exemplo. Embora os bloqueios tenham diminuído gradualmente em solo vietnamita com o declínio das infecções, a logística para o escoamento da produção ainda tem sido afetada por algumas restrições, refletindo diretamente na distribuição e, consequentemente, na reposição de calçados esportivos para o Natal, a principal data de vendas para o varejo brasileiro. Também são esperadas dificuldades no recebimento das coleções primavera/verão 2022.

Em setembro, a Nike já demonstrava preocupação sobre sua capacidade de oferecer coleções para o período das festas de final de ano, já que metade de sua produção de tênis ocorre no Vietnã. Em um informe enviado aos seus distribuidores, a multinacional norte-americana alertava sobre o cancelamento de pedidos. “A Covid-19 segue impactando a cadeia de suprimentos global e criando interrupções no transporte. Devido a esta situação sem precedentes e em constante mudança, lamentamos informar que as encomendas da Nike para a primavera de 2022 e para o verão de 2022 e as restantes encomendas para o período festivo de 2021 serão canceladas", diz o comunicado.

Questionada sobre o impacto dos cancelamentos de pedidos da Nike no varejo brasileiro de calçados, a Associação pela Indústria e Comércio Esportivo do Brasil (Ápice), entidade que representa as principais marcas nacionais e internacionais de artigos esportivos no País, não quis se manifestar sobre o assunto. "A Ápice não se envolve em questões comerciais internas de seus associados", disse Marcella Kuzolitz, relações governamentais e internacionais da Ápice.

O que dizem os varejistas?

Guilherme Berwig, diretor da Lojas Madalena, rede de Novo Hamburgo/RS com três estabelecimentos físicos e um e-commerce, observa que alguns pedidos de calçados da Nike foram cancelados. "Houve cancelamentos da parte deles. Eles simplesmente não entregaram e não justificaram os motivos", conta. Segundo Berwig, as compras de produtos da marca americana são feitos com quase um ano de antecedência. O lojista salienta que há desabastecimento sim, mas de sandálias Havaianas, que não estariam sendo entregues por falta de matéria-prima, um expansor de borracha. "Tanto Nike quanto Havaianas são marcas difíceis de substituir", acrescenta.

A Gang, rede de moda jovem que desde o começo do ano passado comercializa calçados da Nike em suas mais de 40 lojas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, não tem enfrentado problemas relacionados à distribuição dos produtos da marca norte-americana. "Adquirimos uma quantidade muito pequena de produtos se comparado com players maiores e nossa compra é semestral, ou seja, não tivemos dificuldade no recebimento de produtos até esse momento. Nossa próxima compra é só em abril de 2022", salienta Rafael Rodrigues, da área de comunicação da empresa.

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