Grendene vende 41 milhões de pares de calçados no 3º trimestre e comercialização cai 7%

O desaquecimento da economia global refletiu na performance e na “dinâmica de vendas” da fabricante calçadista Grendene (Farroupilha/RS) no terceiro trimestre de 2023. Entre julho e setembro, a companhia, uma das maiores produtoras mundiais de calçados, comercializou 41,1 milhões de pares, queda de 7,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. A receita líquida caiu 3,5%, para R$ 689,1 milhões. As informações foram divulgadas pela empresa nesta quinta-feira (9).

“A inflação acumulada, juros elevados, endividamento das famílias e baixo nível de confiança do consumidor, aliados ao desaquecimento da economia global, seguiram afetando o poder de compra e o comportamento dos consumidores, especialmente daqueles de menor poder aquisitivo, impactando a nossa dinâmica de vendas”, avalia o diretor financeiro e de relações com investidores da Grendene, Alceu Albuquerque.

Mercado interno

No trimestre, o desempenho no mercado interno foi 5,7% inferior ao 3T22 (terceiro trimestre de 2022), totalizando R$ 698,5 milhões, resultado da queda de 8,2% do volume de pares embarcados (de 36,9 milhões para 33,8 milhões) e do avanço da receita bruta por par de 2,7%. As vendas ao consumidor final (sell out) das marcas da divisão 1 – todas, exceto Melissa – cresceram 3,7% no terceiro trimestre, enquanto as vendas aos clientes B2B (sell in) diminuíram 8,4%. “A esperada recuperação do volume de pedidos não aconteceu na intensidade esperada, mesmo com os distribuidores, atacadistas e varejistas carregando níveis de estoques mais baixos do que o normal”, aponta Albuquerque.

Segundo a Grendene, o segmento feminino – das marcas Grendha, Zaxy e Azaleia – “manteve o bom desempenho” observado nos trimestres anteriores, “notadamente dos produtos de EVA” das marcas Zaxy e Azaleia, “computando crescimento em receita, em volume e no tíquete médio por par embarcado”. A linha masculina “voltou a crescer” no período, com as três marcas que compõem o segmento – Rider, Cartago e Mormaii –, “agregando receita e volume” aos números do mercado doméstico.

Melissa

A Melissa apresentou “forte recuperação” das vendas dos Clubes Melissa (sell out) no trimestre, que avançaram 11,2% em volume, quando comparadas ao 3T22, mas “foi observada uma retração” do sell in no mercado interno, tanto em receita bruta (-7,7%) como em volume (-3,8%). “A performance dos Clubes demonstra uma forte recuperação do varejo exclusivo (franquias), fruto do excelente trabalho de portfólio de produtos, do esforço de comunicação e da maior proximidade com os franqueados, decorrente da iniciativa de internalização da gestão da rede de franquias”, explica o executivo.

Mercado externo

Citando dados do terceiro trimestre divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), a Grendene menciona que “no ambiente externo, o desaquecimento da economia global, resultado das elevadas taxas de inflação e de juros, o forte retorno da China ao mercado e o arrefecimento da demanda em segmentos relevantes prejudicaram a performance” das exportações de calçados brasileiros, que recuaram 17,1% e 21,5% em dólares e pares, respectivamente, versus o 3T22.

Redução do preço das matérias-primas

A margem EBIT (ndicador que considera o negócio principal da companhia) recorrente cresceu para 17,8% (+5,3 pontos percentuais), devido à redução dos preços das matérias-primas. O resultado financeiro atingiu R$ 50,5 milhões no trimestre, queda de 58,9% frente ao 3T22. “Esta queda reflete a distribuição extraordinária de dividendos R$ 1,1 bilhão em maio deste ano, a qual reduziu significativamente o saldo de volume investido”, diz a Grendene no comunicado.

Queda no lucro líquido recorrente

A Grendene encerrou o terceiro trimestre om lucro líquido recorrente de R$ 164 milhões, queda de 17,4% em relação ao mesmo período de 2022, em função do menor resultado financeiro. A margem líquida recorrente retraiu 4 pontos percentuais ante o 3T22, para 23,8%. No acumulado do ano, o resultado líquido recorrente atingiu R$ 404,7 milhões, representando uma margem líquida de 24,2% (+1,1 pontos percentuais versus o 9M22).