Setor coureiro-calçadista mantém receio de investir na compra de novas máquinas
A falta de confiança do empresário em investir foi uma das principais dificuldades enfrentadas no primeiro semestre de 2023 pela indústria brasileira de máquinas para os setores do couro e do calçado no mercado interno – responde por 80% dos negócios destes bens de capital.
“A primeira metade do ano começou de forma razoável. Depois teve queda significativa principalmente no fechamento de negócios de máquinas novas. No mercado interno está claro um receio do comprador em investir, seja por questões de crédito, questões macroeconômicas do Brasil, instabilidade política ou até mesmo por ameaças como a da isenção do imposto de importação até US$ 50 (medida que entrou em vigor no País em 1º de agosto)”, comenta o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins (Abrameq), André Nodari.
Sobre o mercado externo, Nodari avalia que se verifica uma demanda mais reprimida em relação aos países que o segmento atua, principalmente nas Américas Latina e Central. “Eles também estão com suas dificuldades de administração pós-pandemia e alguns pelas instabilidades políticas dos seus países”, pontua.
A manutenção da competitividade tem sido um “item bastante desafiador” para a indústria de máquinas na avaliação do dirigente da Abrameq. “Por toda a instabilidade da inflação e de custos no Brasil identificamos um grande desafio de competitividade, principalmente em preço internacional. De qualquer forma, de um modo geral, estamos tentando fazer um bom trabalho na área de compras, buscando a redução dos custos internos”, frisa Nodari.
Ano desafiador e de cautela
Já em relação a este segundo semestre de 2023, o presidente da Abrameq avalia que o período se mantém desafiador para a indústria brasileira de máquinas e que requer cautela, especialmente, pelas incertezas do mercado.
“Há muitas instabilidades e dúvidas por parte dos compradores do que vai acontecer. Isso gera um momento de ansiedade, de espera, de aguardar movimentos de mercado, para que as empresas invistam e possam gerar um ambiente um pouco mais tranquilo e adequado para o setor”, salienta Nodari.
O dirigente sustenta que, de um modo geral, o grande desafio deste ano segue sendo o otimismo por parte do mercado comprador de máquinas e equipamentos.
Perspectivas e pilares do segmento
Sobre perspectivas para a indústria de máquinas, Nodari aponta que três pilares são determinantes para o setor. “Otimismo por parte do comprador (este item está instável); financiamento com linhas de crédito acessíveis e viáveis (este pilar também segue instável) e olhar para dentro das fábricas: a entrega dos equipamentos, suas capacidades técnicas e tecnológicas e também a parte competitiva (preços e custos). No momento este último pilar está regular”, analisa.
O dirigente avalia que o cenário segue incerto para o segmento. “Sentimos nos clientes essa falta de segurança para investimentos. Então, se faz muito necessário alguns sinais positivos que venham a destravar os investimentos e os negócios”, completa.
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