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Atualmente, são plantados no Brasil cerca de 500 mil hectares de banana e a colheita gera toneladas de resíduos. Isso porque as bananeiras precisam ser cortadas de forma estratégica, para que os frutos voltem a crescer. Esse processo gera um desperdício de cerca de 40% dos caules descartados. E o projeto surgiu com o objetivo de agregar valor a este resíduo agrícola da bananicultura.
Líder do projeto, o pesquisador do Senai Cetiqt, Ricardo Cecci, explica que o projeto surgiu após identificarem algumas formas de aplicação para a fibra do pseudocaule da bananeira, formado de fibras celulósicas de boas características morfológicas, permitindo projetar uma celulose com alta resistência mecânica.
“Desde o estabelecimento do conceito de sustentabilidade, na década de 1990, o termo vem sendo utilizado como estratégia na diferenciação de produtos pelos mais variados setores, tendência essa que também se reflete no setor têxtil. Ao propor o desenvolvimento de fibras, fios, tecidos a partir do resíduo agrícola da produção de banana, desenvolvendo mão de obra e agregando qualidade no processo, apresentando um produto diferenciado para a indústria”, ressalta Cecci.
Entre as vantagens competitivas estão a matéria-prima sustentável, o baixo custo e a alta disponibilidade. Além de ser biodegradável, a fibra de bananeira é considerada uma das mais fortes fibras naturais. Tem uma grande vantagem em termos de versatilidade: dependendo da parte do caule da bananeira a qual foi tirada, ela pode originar fios com maior ou menor espessura, variando também na maleabilidade e resistência.
O tecido feito da bananeira é tão forte e durável quanto qualquer tecido como cânhamo, bambu ou outras fibras naturais. Outra grande vantagem é na fase da produção, se comparar com o algodão, por exemplo, o tecido feito da bananeira requer muito menos água e agrotóxicos e não são geradas emissões de gases do efeito estufa para produzir a fibra individualmente, pois ela vem do reaproveitamento que seria resíduo agrícola.
“É uma fibra que temos disponível em abundância tanto no Brasil como no mundo. O tecido à base de banana gera impacto por ser um tecido sustentável, reciclável, renovável, com qualidade e preço competitivo. Ele vem para agregar uma nova possibilidade para a indústria, dando possibilidade das pessoas consumirem esse produto, e assim, diminuir o consumo de outros tecidos e materiais que causam maior impacto no meio ambiente como fibras derivadas de petróleo e algodão, por exemplo” ressalta o diretor da Musa Fiber, Leandro Alves.