AA pandemia segue impactando os mais diversos setores econômicos no Brasil. No calçadista, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), não há desabastecimento de matéria-prima, mas sim um encarecimento de insumos e aumento no custo do frete.
"Não é uma questão que ocorre somente no Brasil, ocorre no mundo. Além dessa desestruturação, tivemos a variação cambial do dólar sobre o real, que puxou os preços ainda mais para cima. Acreditamos que a situação vá normalizar, se não tivermos nenhuma intercorrência, com uma regulação natural do mercado nos próximos anos", aponta o presidente da Abicalçados, Haroldo Ferreira.
Em consulta aos associados, a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Calçados (Assintecal) verificou que há uma sequência de reajustes nos preços praticados pelo mercado, redução na oferta de insumos e uma iminente possibilidade de desabastecimento. "Assim como se tem observado em outras cadeias produtivas, os segmentos de componentes têm recebido os reajustes de preços sem margens de negociação. Além desse fator, existe a taxa de câmbio desvalorizada, que tem pressionado os preços de insumos que não possuem produção nacional e a variação nos preços internacionais de commodities e petróleo", observa o gestor do Mercado Internacional e Inteligência Competitiva da Assintecal, Luiz Ribas Júnior.
A alta no custo dos fretes também tem contribuído no aumento de preços dos insumos da produção de componentes para calçados. "O aumento exponencial de fretes internacionais, especialmente os originários na Ásia (container da China subiu de US$ 2,5 mil para mais de US$ 10 mil, com relatos de acima de US$ 15 mil nos últimos meses) e os efeitos de causas naturais nos Estados Unidos interromperam o fornecimento de matéria-prima, especificamente nas refinarias do Texas", conclui Ribas Júnior.
Apesar de todas as dificuldades neste momento em função da alta nos preços dos insumos, Haag afirma que a sua empresa não deixou nenhum cliente desabastecido. “Cumprimos todas as entregas previstas e os compromissos assumidos em meio a esse cenário tão desafiador, mas para isso foi preciso adquirir grandes quantidades de materiais a preços com reajustes impensados e manter um estoque alto para que nossos clientes não corressem o risco de terem as suas produções paradas”, sustenta o empresário.