Um dos temos mais utilizados no meio corporativo é a famosa ESG ou ASG, acrônimo de Governança Ambiental, Social e Corporativa. A temática foi impulsionada na pandemia por investidores, que entendiam que as empresas precisavam entregar valor para eles e, também, para a sociedade, por meio de um desenvolvimento sustentável que leve em consideração as questões não só financeiras, mas também os pilares sociais e ambientais.
"Vivenciamos uma verdadeira disrupção do sistema empresarial. Talvez estejamos voltando aos primórdios das criações dos primeiros produtos e serviços na história da administração, ou seja, repensando em criar em cima das necessidades reais das pessoas, mais do que isso, nas urgências da humanidade", aponta o professor e coordenador do Centro de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS) da Escola Superior de Propagada e Marketing (ESPM), Marcus Nakagawa.
Embora esteja em alta no momento, o assunto já foi pauta de artigo na Harvard Business há dez anos. A publicação assinada pelos renomados professores da Universidade de Harward, Michael Porter e Mark Kramer, trazia esse desafio de reinventar o capitalismo e desencadear uma onda de inovação e crescimento. Os especialistas apresentaram esse conceito de valor compartilhado, cujo foco é a relação entre o progresso social e o econômico, e que existem três grandes saídas para as empresas criarem oportunidade de valor como: reconceber produtos e mercados, redefinir a produtividade na cadeia de valor e fomentar o desenvolvimento de clusters locais. Eles afirmam que as necessidades sociais e não só necessidades econômicas convencionais, definem o mercado, e que as mazelas sociais criam custos internos para as empresas.
A ESG é a evolução de um conceito que está presente há certo tempo no meio corporativo, a sustentabilidade. O gerente executivo de sustentabilidade da Serasa Experian, Roger Cruz, destaca como a temática se diferencia na prática, evoluindo de uma visão rasa de altruísmo para outra que, no processo de gerenciamento e obtenção de lucro, consegue fomentar e resolver diversos problemas sociais. "Se antes as empresas investiam nessas questões porque queriam devolver um pouco do que ganhavam à sociedade, agora, elas se veem efetivamente como parte de um grande ecossistema", menciona.