Alta nas exportações puxa aumento da produção do setor calçadista

16.09.2021 - Bianca Dilly / Jornal NH

Foto: Inézio Machado/GES
No RS, crescimento acumulado de 35,8% em sete meses
Puxado pela alta nas exportações, que fechou o mês de agosto com 28,2% de crescimento, o setor calçadista vive clima de otimismo no fim do ano. Os dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) mostram o aumento no volume de pares embarcados no último mês, em um comparativo com o mesmo período do ano passado.

Para o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, a expectativa até o final de 2021 continua sendo no mesmo sentido:

"Os últimos meses são bons para o nosso setor, já que existe aquecimento de demanda. Neste ano será da mesma forma e devemos crescer no segundo semestre", destaca.

Ele aponta que a projeção é de fechamento do ano com aumento em torno de 13 a 14% na produção, cerca de 15% nas exportações e 8% nos empregos, sempre em um comparativo com 2020.

Mercado interno

Mas a perspectiva não se dá apenas pela demanda que vem de fora. A Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha (ACI-NH/CB/EV) lembra que o mercado interno também vem se recuperando.

"Tradicionalmente, de agosto a outubro são bons meses de entrada de pedidos nas fábricas. Acredito que sejam os três melhores meses do mercado interno", frisa o vice-presidente de Indústria da ACI-NH/CB/EV, Frederico Wirth.

Retomada

Dentro das fábricas, as repercussões vêm sendo positivas. "Estamos bastante otimistas e vendo a retomada do mercado e, principalmente, dos nossos clientes, que estão apostando muito no final de ano, em todas as regiões do Brasil e em toda a América Latina", pontua a diretora comercial e marketing da Calçados Beira Rio S.A (Novo Hamburgo/RS), Maribel Silva.

O presidente da Abicalçados evidencia a melhora nas exportações. "Até em função do próprio câmbio, que está ajudando. E porque os Estados Unidos estão procurando outros fornecedores globalmente para abastecer. Fora da Ásia, o Brasil é o maior produtor de calçados", justifica.

Para o vice-presidente de Indústria da ACI-NH/CB/EV, a retomada está relacionada ao momento atual da pandemia. "O que percebemos é que há uma melhora, até porque a economia está voltando, com as pessoas circulando mais e restrições menores. O consumo de calçado voltou a crescer", aponta, sobre a comparação com o ano passado.

Para ele, a recuperação deve ser dividida em dois pontos: o da exportação e o do mercado interno. "A exportação já vem bem há mais tempo. Desde o final do ano passado, começamos a notar com bastante força até a volta de algumas marcas e companhias que nem cogitavam mais produzir no Brasil", diz, sobre a forte demanda.

No mercado interno, a sistemática difere um pouco. "A recuperação ocorre de forma gradual. Já vemos empresas que dependem exclusivamente do mercado interno começando a retomar", avalia.

Expectativa sobre 2022

No dia a dia nas indústrias, Frederico Wirth frisa que a diferença para o mesmo período do ano passado é "brutal". "Estava muito mais parado. A esmagadora maioria das empresas estava com reduções drásticas de pessoal, com adesão a programas de redução de jornada e salário e suspensão de contratos", analisa.

Wirth complementa que agora a maioria está trabalhando em horário cheio e também houve mudanças no consumo.

Haroldo Ferreira projeta: "Não vemos surpresa negativa para o final do ano." "O cenário é positivo. O que ficamos apreensivos é para o próximo ano, com a questão da inflação", conclui.

Abaixo do patamar de 2019

Porém, ainda que os dados sejam acompanhados por um clima otimista, Haroldo Ferreira lembra que ainda não é o suficiente para se equiparar a 2019. "Na produção, temos um crescimento acumulado de 28,9% nos sete primeiros meses no País, mas é um número impactado pela base fraca do ano passado", resume. Para chegar ao nível pré-pandemia, ainda deve demorar um pouco.

"A expectativa é boa para o segundo semestre, de ficarmos perto de 2019, mas ainda não conseguiremos chegar ou ultrapassar", complementa. O crescimento de até 14% na produção até o final do ano não será suficiente para aplacar integralmente a queda de 2019 (-18,4%).

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