Alta das matérias-primas freia a produção industrial

14.09.2021 - Michel Pozzebon / Jornal Exclusivo

Foto: Adobe Stock
Papelão foi um dos insumos que mais pesaram no reajuste
A indústria gaúcha segue sendo impactada pela escassez e pelo preço elevado da matéria-prima. "Temos falta ou alto custo dos insumos em quase todos os setores da indústria, o que torna o cenário preocupante", afirma o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Petry. Segundo o dirigente, a indústria convive com indefinições que se agravaram durante a pandemia, provocadas em parte por reajustes nos preços que superaram os 100%, podendo alcançar até os 300% em algumas situações.

"Quanto mais complexo for o setor e com maiores etapas de produção, maior é o risco de ser afetado por essa crise nas cadeias de suprimentos", reforça. Já são quatro trimestres consecutivos que a indústria indica a falta ou o alto custo da matéria-prima como o principal problema enfrentado.

Nos dois primeiros trimestres de 2021, a falta ou o custo dos insumos foi o maior entrave apontado em pesquisas de Sondagem realizadas pela Fiergs com indústrias gaúchas. De janeiro a março, 74,4% citaram este problema, percentual que subiu para 75% entre abril e junho.

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast), Gerson Haas, o problema da escassez de insumos se acentuou durante a crise da pandemia, com aumento dos preços no setor que chegaram a ultrapassar os 100%. Ao usar muita matéria-prima importada, o segmento é bastante impactado pelos valores e pela restrição de fornecimento.

Frete marítimo

Luiz Ribas Júnior, coordenador de Mercado Internacional e Inteligência de Mercado da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), observa que o custo do frete marítimo é um dos fatores que têm impactado na alta dos preços dos componentes. "O frete disparou de US$ 1,2 mil o contêiner para algo em torno de US$ 10 mil o contêiner." Ele acrescenta que, se por um lado o câmbio ajuda a exportar, por outro onera o valor dos insumos, que em sua maioria são importados. "Estes custos acabam tendo que ser repassados", analisa.

Insegurança no cálculo dos custos

No setor de máquinas e equipamentos, a variação dos custos de fabricação considerando insumos pode chegar em 150%, até 300%, dependendo do tipo de matéria-prima, tecnologia, disponibilidade e fonte de abastecimento que a máquina exige. "Hoje estamos convivendo com essa instabilidade nos preços e insegurança no cálculo dos custos", afirma o presidente do Sindicato da Indústria de Máquinas e Implementos Industriais e Agrícolas de Novo Hamburgo e Região (SinmaqSinos), Marlos Davi Schmidt, destacando que o cenário só não é pior pelo nível das vendas e porque as indústrias estão administrando a situação, como o fortalecimento das parcerias com os fornecedores.

Alternativa

Na Calçados Piccadilly (Igrejinha/RS), a solução encontrada para a alta dos custos dos insumos foi reforçar estoques antecipando compras. O diretor de compras e logística da calçadista, Josué Kunst, afirma que o impacto na matéria-prima do calçado foi, em agosto, 30% superior ao mesmo mês do ano passado, sendo impossível repassar todo o reajuste para o consumidor. Então, foi preciso buscar ganhos de eficiência e rever a margem de lucro. Kunst cita que papelão, plástico, aço, resina, fios, tecido e espumas foram os que mais pesaram no reajuste. O papel, por exemplo, subiu mais de 100% em um ano, enquanto a resina, 80%.

 

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