Indústria calçadista acredita em retomada no último trimestre do ano

28.05.2020 - Gabriela Cardoso/Redação Jornal Exclusivo

Foto: Reprodução
Andrea Kohlrausch, presidente da Calçados Bibi (Parobé/RS) e Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Abicalçados, participaram da transmissão na manhã desta quinta-feira, 28.
A engrenagem que movimenta toda a cadeia coureiro-calçadista tem retomado sua movimentação aos poucos. Com cerca de 20% do comércio brasileiro aberto, a indústria segue sem novos pedidos e a crise atinge em cheio a produção nas fábricas. Para Andrea Kohlrausch, presidente da Calçados Bibi (Parobé/RS), a expectativa é de que o último trimestre do ano seja de um cenário mais positivo para o setor. O assunto foi tema da quarta live que trata sobre os novos rumos no setor coureiro-calçadista, realizada nesta quinta-feira, 28, e que contou ainda com a participação do presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira.

Pouco mais de dois meses desde o início do impacto da crise no País, a Calçados Bibi tem utilizado dos 71 anos de experiência para manter suas produções e vendas. “Até agora, podemos dizer que estamos vencendo o coronavírus. Estamos enfrentando a pandemia, saindo machucados com certeza, mas tendo a possibilidade de não demitir nenhuma pessoa da nossa equipe” comenta Andrea. A empresa está operando com jornada reduzida em suas fábricas e conta com 30% das 120 lojas abertas.

Retomada do comércio deve frear as demissões

O feliz sucesso da Calçados Bibi não se reflete em toda a cadeia produtiva. Desde o início da pandemia, a indústria calçadista brasileira já perdeu mais de 34 mil postos de trabalho e esse número ainda pode aumentar. “As demissões estão ligadas diretamente ao comércio estar fechado. Tendo pedidos, tem contratação” declara Ferreira.

O dirigente da Abicalçados acrescenta que a entidade vem trabalhando em ações para auxiliar as empresas na retomada, como a conservação, por um período maior, da MP 936, que possibilita a manutenção do emprego e da renda, e a facilitação de acesso ao crédito. Para o presidente-executivo, essas ações são muito importantes para frear as demissões e garantir o funcionamento da engrenagem do setor. “Cada pessoa que perde o seu emprego, é uma família que vai priorizar a subsistência e deixar de consumir outros produtos, inclusive calçado” completa.

Com a notícia, nesta semana, da flexibilização da retomada do comércio no estado de São Paulo, a expectativa de Ferreira é de que o número de demissões reduza. “Existe um intervalo entre a data que abre o comércio até o reflexo disso na indústria. Mas o primeiro sinal é a abertura do comércio. Porque o que faltava para a indústria é a previsibilidade. Sem previsão do que vai acontecer nos próximos dias, não tem como se fazer um planejamento em relação a indústria.”

Foto: Gabriela Cardoso/GES-Especial
Luana Rodrigues, editora-chefe do Jornal Exclusivo e da Revista Lançlamento, mediou a conversa realizada por chamada de vídeo.

Mudanças de consumo

Para Andrea, o foco da retomada precisa estar no consumidor. E esse movimento vem sendo feito pela Calçados Bibi há anos, quando verticalizou seu negócio, indo para o varejo. Com a retomada após a pandemia do novo coronavírus, a indústria voltará a um novo normal. A presidente da calçadista vê uma diferença na experiência que o consumidor encontra no varejo físico. “Enquanto não aparecer uma vacina, que dê segurança, o consumidor vai estar com receio”. A empresa viu um crescimento de 460% nas vendas com entregas pelo e-commerce e com entrega na casa das pessoas.

Outro ponto citado por Andrea foi a impossibilidade de experimentar os produtos na loja – algo que já se vê mudando, começando com o estado de Santa Catarina que liberou a prova de calçados em lojas.

Força no mercado interno

A exportação de calçados no Brasil, que não vem passando por um bom momento, deve fechar o ano com uma redução de até 30% em comparação com o ano passado. Para Ferreira, a expectativa é de crescimento para o próximo ano e aumento do número de pedidos para o último quadrimestre de 2020. “A retomada das empresas na utilização da sua capacidade de produção deverá ser pela demanda do mercado interno antes da exportação. Esta vai demorar um pouco mais, mesmo que o comércio no exterior esteja abrindo antes."


O painel teve mediação da editora-chefe do Jornal Exclusivo e Revista Lançamentos, Luana Rodrigues. Nas lives, que estão acontecendo desde abril, já foram abordados os temas: varejo, couro, máquinas e, desta vez, a indústria. Os vídeos podem ser acessados pelos sites do Jornal Exclusivo ou Jornal NH, e também pelo Facebook dos jornais.

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