Exportação de couro cresce no volume, mas cai em valor
As exportações brasileiras de couros no primeiro semestre de 2023 registraram acréscimos de 7,8% em área comercializada e de 20,2% em peso na comparação com igual período do ano passado. O volume de negócios soma US$ 563,8 milhões, queda de 15,4%.
“Esse cenário é influenciado pelo valor da matéria-prima, questões do câmbio e da demanda pelo couro no mercado internacional. Apesar das informações não muito otimistas sobre a recuperação da economia chinesa recentemente, ainda há a possibilidade de uma melhora nesse mercado nos próximos meses”, analisa o presidente-executivo do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), José Fernando Bello.
China (sem Hong Kong), Estados Unidos e Itália foram os três principais mercados no semestre. Os chineses importaram US$ 156 milhões, correspondendo a aumento de 2,3% em relação ao mesmo período de 2022. Já os americanos compraram US$ 94 milhões, queda de 24,1% ante os seis primeiros meses do ano passado. Para o mercado italiano, o Brasil vendeu US$ 71 milhões, uma redução de 41% na comparação com o primeiro semestre de 2022.
“Apesar das melhoras nos embarques para a China, houve reduções na participação deste destino no total das exportações brasileiras. Houve melhoras na participação monetária do Vietnã (de 5,1% para 5,7%) e do México (de 4,4% para 4,5%), de forma que estes dois destinos vêm absorvendo parte dessas quedas nas vendas”, diz análise do CICB no documento Exportações Brasileiras de Couros e Peles – Junho 2023 -, com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Rio Grande do Sul
No primeiro semestre, o Rio Grande do Sul seguiu como o principal estado brasileiro exportador de couro, respondendo por 26,5% do valor e 24% da área comercializada pelo Brasil.
As exportações dos curtumes gaúchos totalizam US$ 149 milhões no período. As vendas externas do Curtume Minuano (Lindolfo Collor/RS) que tiveram como destino, principalmente, países da Ásia, Europa e América do Norte, registraram estabilidade nos seis primeiros meses do ano.
“Se mantiveram nos mesmos patamares do ano passado, podendose consideram como não aquecidas, mas sim como de regulares a levemente fracas”, aponta o business manager da divisão de couros da companhia, Mateus Enzveiler.
Termômetro do mercado chinês
Em relação à China, o dirigente do CICB acrescenta que o setor coureiro brasileiro poderá ter um “termômetro” em relação ao mercado chinês a partir do dia 29, quando começa a All China Leather Exhibition (ACLE), uma das principais feiras mundiais da indústria do couro que ocorre em Xangai, na China.
“A ACLE é uma importante plataforma de comércio global, que terá a participação coletiva de curtumes após três anos de ausência em função da pandemia de Covid-19. Poderemos ter alguma sinalização sobre o mercado chinês após este evento, dependendo ainda da evolução da economia global e de uma normalização das relações comerciais entre os maiores blocos econômicos”, comenta Bello.
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