Exportações brasileiras de couro terminaram 2021 com valor 44,9% maior

21.01.2022 - Michel Pozzebon | Jornal Exclusivo

Foto: Arquivo/GES
Vendas externas renderam US$ 1,41 bilhão aos curtumes brasileiros no ano passado
Em 2021, o Brasil comercializou 172,3 milhões de metros quadrados de couro no mercado externo, totalizando US$ 1,41 bilhão. No comparativo com o ano retrasado, o resultado correspondeu a altas de 0,5% em volume e de 44,9% em receita, respectivamente. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia e foram apresentados no documento Exportações Brasileiras de Couros e Peles, divulgado no dia 7 de janeiro pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).

China, Itália e Estados Unidos foram os três principais mercados internacionais para o couro brasileiro em 2021 – estes três países representaram 58,6% do valor e 60,3% da área exportados pelo Brasil. A participação dos chineses foi de 29,5% em valor e de 36% em área. Os italianos tiveram share de 15,3% no faturamento e de 15,9% no volume. Já os estadunidenses foram responsáveis por 13,8% do valor e de 8,6% da área exportada.

“A dependência pelos exportadores nacionais junto a esses países é evidente, mostrando que clientes tradicionais ainda são importantes para o setor. Por outro lado, essa concentração de quase dois terços em apenas três países de um total de 76 destinos, pode representar um risco que muitas vezes poderia e deveria ser evitado, pois crises econômicas ou políticas, guerras comerciais, problemas logísticos, entre outros, podem afetar de forma vertiginosa e preocupante os negócios”, avalia Rogério Cunha, da área de inteligência comercial do CICB.

Estados exportadores

O Rio Grande do Sul terminou o ano passado como líder absoluto nas exportações, com quase o dobro do valor do segundo colocado. Os gaúchos exportaram 29,7% do total de couros do País, com São Paulo em segundo com 16,6%, Paraná em terceiro com 14,8% e Goiás em quarto, com 13,3%. Em volume a liderança se repete, com 29,1% para os gaúchos, 15,9% para os paranaenses, 15,5% para os paulistas e 13,2% para os goianos.

Preços

Quanto aos preços dos tipos de couros em 2021, houve melhoras em todos os estágios, com destaque para o Wet Blue, que fechou o ano com índice 95,4% acima do ano anterior. Já entre os couros de maior valor agregado, o Acabado teve aumento de 25,8% e o Semiacabado de 39,2%.

Impactos nos negócios

Apesar do resultado positivo do ano passado no mercado externo, o setor coureiro segue reportando problemas como gargalos logísticos, baixa demanda, alta dos custos dos insumos e da principal matéria-prima.

No ano passado, a OCM Best Brasil (Novo Hamburgo/RS), empresa especializada em couros com pelo serigrafado, foi impactada pela falta de insumos, dificuldades com relação aos fretes internacionais, aumentos de custos de toda a ordem e retração nas vendas. "Mesmo em um ano de pandemia e todo tipo de dificuldades, a empresa só parou por 15 dias no ano passado", observa o sócio-gerente do empreendimento, Raul Müller. Para 2022, o executivo projeta incremento nos negócios da companhia. "Com determinação e trabalho, buscaremos crescer em 2022. Superação: essa é a palavra-chave", frisa.

O aumento dos custos de matéria-prima, químicos, energia, insumos, transportes, entre outros, também impactaram nos resultados do Cortume Krumenauer (Portão/RS) em 2021. "Consideramos que o ano passado foi importante na recuperação das vendas, mas ruim na questão dos resultados, que foram duramente afetados por estas questões referidas anteriormente", observa o diretor comercial da companhia, Joel Krumenauer.

Os volumes exportados pelo Cortume Krumenauer no ano passado registraram melhora significativa quando comparados a 2020, mas ainda assim não retornaram aos níveis pré-pandemia. "Vejo que também existe uma resistência por parte de possíveis novos clientes em desenvolverem novos fornecedores neste período, em que os volumes ainda não retornaram aos níveis normais e a prioridade é se manter com negócios mais seguros em fornecedores conhecidos e tradicionais", sustenta Krumenauer.

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