Brasil deixa de exportar US$ 56,2 bi para a América do Sul em dez anos

28.05.2021 - Redação Jornal Exclusivo

O Brasil perdeu muito espaço no comércio dos países da América do Sul ao longo da última década. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que a participação do País nas importações do subcontinente caiu de 14,5% em 2010 para 10,7% em 2019.

Como resultado da perda de mercado nas importações da América do Sul, o Brasil deixou de exportar US$ 56,2 bilhões no acumulado dos últimos dez anos. O País também perdeu participação com o destino de vendas da América do Sul, absorvendo 7,4% das exportações dos países em 2019 contra de 10,5% em 2010.

A tendência de queda no comércio bilateral contrasta frontalmente com crescimento das importações totais da América do Sul. Entre 2010 e 2019, enquanto as importações totais dos países da América do Sul aumentaram 12,9% (sobretudo da China, dos Estados Unidos e da União Europeia), as exportações brasileiras caíram 24,7%.

Dessa forma, os países da América do Sul têm aumentado as compras do mundo, mas diminuído aquelas de empresas brasileiras.

O cálculo, elaborado pela CNI, estima o valor que teria sido exportado pelo Brasil caso mantivesse, até 2019, a mesma participação de mercado nas importações dos países sul-americano observada em 2010. Essa perda é concentrada na Argentina (70%) e no Peru (10%), na Colômbia (9%) e, em menor medida, no Chile (4%).

China e Estados Unidos

Esse espaço foi ocupado, sobretudo, pela China. A participação do país asiático nas importações dos países da América do Sul passou de 15% para 20,8% no período analisado.

Os Estados Unidos também ampliaram sua participação na pauta de importação dos países sul-americanos. Esse percentual passou de 17,5% para 19,5% no período analisado. A União Europeia cresceu mais timidamente, de 12,3% para 13,6%.

Queda na participação se concentra nas exportações brasileiras de manufaturados

Os setores de máquinas, aparelhos e materiais elétricos ou mecânicos responderam por 37% do valor que o Brasil deixou de exportar para a América do Sul: US$ 12,5 bilhões e US$ 8,1 bilhões na década, respectivamente. Outros setores industriais também registraram perdas expressivas, como veículos automóveis (US$ 4,8 bilhões), aeronaves (US$ 3,2 bilhões) e produtos químicos orgânicos (US$ 2,5 bilhões). O levantamento da CNI aponta que quatorze setores industriais deixaram de exportar valor acima de US$ 1 bilhão no período analisado.

Competitividade no comércio regional

Para o superintendente de Desenvolvimento Industrial da CNI, João Emilio Gonçalves, esses resultados alertam para necessidade de fortalecer a competitividade exportadora do País no comércio regional. “O desempenho negativo das exportações brasileiras na América do Sul decorre da perda de competitividade internacional acumulada pelo Brasil nos últimos anos e da paralisação da agenda de acordos comerciais do Brasil com os países sul-americanos, seja na internalização de alguns acordos ou na atualização e ampliação daqueles já vigentes.”

O superintendente destaca também que os países da América do Sul concluíram acordos comerciais profundos com grandes economias, como Estados Unidos, União Europeia, Coreia do Sul e, em alguns casos, como Chile e Peru, também com a China. São acordos que incluem, por exemplo, a liberalização de compras governamentais e disciplinas mais amplas em barreiras não tarifárias.

Como resultado, as vendas brasileiras para região foram substituídas por produtos desses mercados. “Esse movimento afeta, sobretudo, a indústria brasileira, em função da pauta de exportação composta por bens industrializados, do Brasil para a América do Sul”, explica Gonçalves.

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