Recuperação do mercado de trabalho

14.07.2022

No mês passado o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou sua Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) com os números consolidados para o desemprego no Brasil no trimestre compreendido pelos meses de março, abril e maio de 2022.

Os números surpreenderam favoravelmente com a taxa de desemprego recuando para 9,8%, uma queda de 1,4 ponto percentual em relação aos três meses imediatamente anteriores e de 4,9 pontos ante o mesmo período do ano anterior, quando a taxa foi de 14,7% e ainda estava influenciada pelos efeitos deletérios da pandemia sobre o mercado de trabalho. É a primeira vez, desde 2015, que a taxa de desemprego volta ao patamar de um dígito.

A população desocupada totalizou 10,6 milhões de pessoas, um recuo de 11,5% (menos 1,4 milhão de trabalhadores) frente ao trimestre imediatamente anterior, e de significativos 30,2% (menos 4,6 milhões de pessoas desocupadas) na comparação com o mesmo período do ano passado.

Já o total de pessoas ocupadas totalizou 97,5 milhões, número recorde para a série histórica iniciada em 2012, com 9,4 milhões de pessoas ocupadas a mais do que em 2021. A população desalentada (aqueles que desistiram, por alguma razão, de procurar uma ocupação) totalizou 4,3 milhões de pessoas, uma queda também expressiva de 22,6% (equivalente a 1,3 milhão de pessoas a menos) na comparação anual.

Outro número favorável foi o de empregados com carteira assinada no setor privado que passou para 35,6 milhões de trabalhadores, subindo 2,8% frente ao trimestre anterior e 12,1% (3,8 milhões de pessoas a mais) na comparação anual.

Já o número de empregados no setor público (11,6 milhões de pessoas) cresceu 2,4% frente ao trimestre anterior, mas ficou estável na comparação anual. Todavia, a informalidade continua a imperar no mercado de trabalho brasileiro, representando 40,1% da população ocupada (ou 39,1 milhões de trabalhadores informais) contra 39,5% no mesmo trimestre de 2021.

O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (12,8 milhões de pessoas) foi o maior da série histórica. Este contingente cresceu 4,3% em relação ao trimestre anterior (mais 523 mil pessoas) e 23,6% (2,4 milhões de pessoas) no ano, e o número de trabalhadores por conta própria (25,7 milhões de pessoas) manteve-se estável ante o trimestre anterior, mas subiu 6,4% (mais 1,5 milhão de pessoas) no ano.

Outro dado que corrobora a tese de que a recuperação do mercado de trabalho é apenas parcial, refere-se ao rendimento real mensal dos trabalhadores (R$ 2.613) que ficou estável frente ao trimestre anterior, mas ainda está 7,2% abaixo do que no mesmo período do ano anterior.

Como se pode depreender a partir dos dados divulgados pela PNAD do IBGE, fica notório que os números apresentam uma clara evolução no que tange aos níveis de empregabilidade, porém em detrimento a uma piora na qualidade das ocupações, bem como na remuneração média dos trabalhadores.

Orlando Assunção Fernandes

Orlando Assunção Fernandes é economista, mestre em Economia Política e doutor em Teoria Econômica pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

VÍDEO

+ VEJA MAIS

AGENDA

+ VEJA MAIS

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Cadastre seu e-mail para receber as novidades do Exclusivo.

Seu email foi cadastrado com sucesso.