Ricardo Vianna: de representante comercial a nome forte na Havaianas

01.09.2016 - Bárbara Bengua / Jornal Exclusivo
Nomes fortes do setor adquiriram experiência e conhecimento atuando em empresas da região. O porto-alegrense Ricardo Vianna é um deles. Aos 20 anos, quando começou a trabalhar como representante comercial de calçados, escreveu a partir dali os primeiros capítulos de uma trajetória de sucesso. Hoje à frente do ícone máximo da indústria calçadista nacional, a Havaianas, ele está há quase 30 anos na companhia Alpargatas, onde exerceu diferentes funções – incluindo a de representante no Sul do País –, até chegar ao posto de gerente comercial executivo. Atualmente em São Paulo, Vianna não abre mão de reafirmar suas origens. “O Rio Grande do Sul tem diferencias que estão ligados a nossa cultura”, opina.
Qual foi seu primeiro contato com o setor calçadista? 
Iniciei meu trabalho como representante comercial em 1977, com a indústria de calçados infantis Popi, de Birigui/SP. 
Você teve alguma experiência profissional na região?
No decorrer de 1978, tive oportunidade de trabalhar em Porto Alegre como representante de fábricas do vale, como Calçados 2001 (Três Coroas), Calçados Joice (Igrejinha), Calçados Werner (Três Coroas) e Q-Sonho (Três Coroas). Todas estas indústrias foram fundamentais na minha formação, para conhecer e admirar este setor – seja pela experiência adquirida com estes industriais, seja pela projeção destas marcas. Inclusive, algumas delas ainda estão presentes no mercado e com ótima reputação.
Na sua avaliação, quais diferenciais os profissionais gaúchos têm no setor?
Os gaúchos sempre foram destaque neste segmento e pioneiros na exportação. Eles consagraram, durante um largo período de tempo, o calçado brasileiro no mercado internacional como grande fabricante de produtos de qualidade. Mas, por diversas razões ao longo do tempo, perdemos parte da nossa influência neste aspecto, devido à conjuntura econômica e cambial, ao surgimento de novos competidores internacionais etc. Hoje, o calçado brasileiro, e especialmente os calçados femininos produzidos no Sul, ainda são bastante admirados; tanto pela modelagem e estilo, quanto por sua qualidade.
Você avalia que, no quesito produção de calçados, o Rio Grande do Sul ainda se destaca nacional e internacionalmente?
Certamente! Conforme falei na pergunta anterior, no caso do calçado feminino, o Rio Grande do Sul é – e deverá continuar sendo – destaque como maior fornecedor nacional. Internacionalmente, temos barreiras tributárias e custos que não nos deixam tão competitivos, mas, quanto à qualidade, estamos no mesmo nível dos produtos mais reconhecidos, produzidos em mercados importantes, citando os italianos, como talvez os mais respeitados.
Como você entrou na Alpargatas? Há quanto tempo trabalha na empresa e como foi sua trajetória dentro dela?
Estou na Alpargatas há 28 anos. Iniciei minha carreira justamente no Rio Grande do Sul, como executivo de vendas. Trabalhei em todo o Estado, conhecendo 100% dos nossos municípios. Tenho até hoje saudades dos comerciantes que tive oportunidade de conhecer ao longo daquele período. É impressionante o carinho que nosso povo tem em receber bem; isto realmente não tem comparação com outros mercados – não que você não seja respeitado e bem recebido em outros Estados, mas o Rio Grande do Sul tem diferencias que estão ligados a nossa cultura.
Como é a sua rotina e quais são as suas funções?
Já estou em São Paulo como líder da área comercial de Havaianas desde janeiro de 2002. Sou responsável pelas vendas de sandálias Havaianas no mercado interno e, como nosso País tem dimensões continentais, visitar todos os principais clientes no mínimo uma vez por ano é um grande desafio, que demanda tempo e planejamento – até porque o dia em reuniões internas é bastante intenso, mas, sem dúvida, gratificante.
Quais são os ônus de trabalhar em uma megamarca como essa?
Não diria que isto seja um ônus, mas um desafio constante: temos metas mensais de volumes bastante desafiadoras. É preciso comercializar, em média, mais de 1 milhão de pares por dia para atender aos volumes propostos em um mercado bastante competitivo. Isto traz responsabilidade e comprometimento diário – acordar cada dia mais cedo que seu concorrente e ser mais ágil, com muito trabalho e velocidade na tomada das decisões, enfim. Mas tenho uma superequipe de colegas que deixam esta tarefa mais interessante a cada dia. Se você tem um time que joga junto, que entende qual a necessidade de entrega de objetivos, tudo fica mais fácil. As pessoas sempre fazem a diferença, seja um pequeno negócio, seja na condução de uma marca com a expressão de Havaianas.
Você mantém laços com o Rio Grande do Sul?
Sem dúvidas. Sempre que possível, eu e minha família visitamos nossos familiares e amigos. Passamos parte das férias de final de ano sempre no Sul, e, em julho, no mínimo dez dias – para matar a saudade do frio, do chimarrão e das delícias da nossa culinária. Dificilmente os gaúchos conseguem, diferentemente dos demais, cortar os vínculos com suas origens. Esta talvez seja uma das características mais marcantes da nossa cultura.
Quais são os planos da Alpargatas para o futuro?
A Alpargatas tem fortes fundamentos como empresa de capital aberto. Hoje já somos uma companhia com boa presença internacional, mas temos, dentro da nossa estratégia e planejamento, de ser uma empresa global. E estamos trabalhando intensamente para que isso venha a acontecer com velocidade, consistência, respeito às pessoas, respeito às geografias onde estaremos presentes e compromisso com nossos acionistas.

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