Setor calçadista deve fechar o ano com crescimento de 12%

17.12.2021 - Michel Pozzebon | Jornal Exclusivo

Foto: Inézio Machado/GES
Resultado de 2021 teve influência do mercado doméstico, mas também foi impulsionado pelas exportações
O cenário vivenciado pela indústria brasileira de calçados em 2021 foi de recuperação, especialmente a partir do segundo semestre, com o avanço da vacinação e a liberação total do comércio físico no País. Após uma queda superior a 18% na produção em 2020, o setor deve fechar este ano com um incremento na casa de 12%. A projeção é da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).

"Apesar do crescimento, ainda ficaremos aquém dos números da pré-pandemia, em 2019. O resultado de 2021 teve influência do mercado doméstico, mas o que mais o influenciou foi a performance das exportações, que devem crescer mais de 30% na relação com 2020, nos deixando 5% acima dos níveis pré-pandêmicos", avalia o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira.

Entre janeiro e outubro, foram criados no setor calçadista 37 mil postos de trabalho - 31 mil destas vagas foram geradas de junho a outubro. No mês dez, a atividade somou 282,8 mil postos de trabalho diretos em todo Brasil, 13% mais do que o mesmo mês do ano passado e 0,6% menos do que em outubro de 2019 (no período pré-pandemia).

Entre os estados brasileiros, o que mais gerou vagas entre janeiro e outubro foi o Rio Grande do Sul. Principal empregador na atividade, com um terço das vagas totais, o Estado gerou mais de 10 mil postos no período. Com o resultado, o setor calçadista gaúcho atinge 85 mil pessoas empregadas na atividade, 11,4% mais do que em outubro passado e 6,3% menos do que em outubro de 2019.

Para 2022, o dirigente da Abicalçados projeta para o setor um crescimento inferior ao resultado deste ano. "Apesar de ser cedo para qualquer projeção mais assertiva, a expectativa é de um incremento na produção entre 2,5% e 3%", aponta.

Componentes

Para o setor de componentes, o ano de 2021 também foi de recuperação, com um resultado impulsionado, essencialmente, pelos negócios com o mercado externo. "Tivemos, especialmente, um incremento importante nas exportações, principalmente para o mercado da América Latina. O fato se deu, sobretudo, pelas dificuldades logísticas para a importação de insumos da China - o frete, em média, teve um incremento de cinco vezes no período", observa a superintendente da Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Silvana Dilly.

O incremento nas exportações contribuiu para que o setor de componentes gerasse 16 mil postos de trabalho. "Ficando com estoque de empregos 8% superior ao de 2020", frisa Silvana.

Em relação ao próximo ano, a executiva da Assintecal destaca que o setor deve manter o bom resultado de 2021. "A perspectiva é de seguirmos crescendo, especialmente no mercado internacional", completa.

Máquinas

Na avaliação do vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins (Abrameq), Marlos Schmidt, o desempenho do setor brasileiro de máquinas para a indústria coureiro-calçadista em 2021 foi satisfatório. "O ano de 2021 pode ser visto como positivo, considerando todo o cenário de mercado interno do calçado. Porém, o resultado ficou abaixo do que as empresas de máquinas tinham de expectativa e de necessidade para fazer as suas estratégias serem alcançadas", comenta Schmidt.

A alta das matérias-primas impactou no resultado do setor de máquinas no ano. "O aumento médio de 40% dos preços das matérias-primas e insumos, os atrasos e as dificuldades de fornecimento, sacrificaram margens e eficiência do negócio", observa André da Rocha, também vice-presidente da Abrameq.

Em termos de projeções para 2022, Schmidt observa que o ano deve ser positivo para o setor maquineiro. "Já sentimos os sinais de ações dos clientes calçadistas tanto para o mercado interno quanto para as exportações", sinaliza. Já Rocha, avalia que o próximo ano será desafiador. "O aumento da inflação e dos juros deve trazer uma diminuição do crescimento do PIB brasileiro, o que pode afetar o consumo de calçados no mercado interno e os investimentos em bens de capital", comenta o dirigente.

Couros

José Fernando Bello, presidente-executivo do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), avalia que 2021 precisa ser analisado de forma muito particular. "Comparar seus números com o período anterior, como se faz habitualmente para uma avaliação de desempenho, não é o melhor caminho. Nossos valores de exportação, por exemplo, têm crescido substancialmente (48,2% de janeiro até novembro), e a área vendida ao mercado externo cresceu cerca de 8%. Porém, esses resultados refletem aumentos de valores em matéria-prima, insumos e logística, além da comparação com a base extremamente atípica que fora o ano passado. Com certeza, tivemos um ano melhor do que 2020, mas não se trata de um panorama que reflita um resultado como os números possam sugerir", sustenta.

Segundo o dirigente do CICB, a indústria celebra conquistas do ano - como o avanço da PEC sobre a desoneração da folha de pagamento -, mas segue investindo muito em sustentabilidade, comunicação e aprimoramento de processos para que haja retornos consistentes para todas as partes que integram a cadeia. "Isso permitirá reinvestimento, mais valor agregado e crescimento da economia do setor e do País", pontua.

Sobre 2022, o executivo avalia que se terá um retorno mais concreto do calendário de feiras internacionais presenciais do setor de couros. "Essas são plataformas importantes para o relacionamento da indústria curtidora nacional com seus grandes clientes e entendemos que esses serão espaços que nos permitirão bons resultados", avalia.

Varejo

 

O varejo brasileiro de calçados voltou a crescer no último trimestre e retoma números próximos aos de 2019 (pré-pandemia). "É, sem dúvida, uma boa notícia, tendo em vista que o setor amargou prejuízos significativos entre março de 2020 e agosto de 2021, com fechamento de lojas, perda de receitas, demissões e outras consequências da pandemia", afirma o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac), Marcone Tavares. Para o próximo ano, o dirigente se limitou a fazer uma projeção. "Temos tudo para fazer um bom 2022."

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