Sete em cada dez indústrias têm dificuldades para comprar matéria-prima, aponta CNI

02.12.2021 - Com informações da CNI

Foto: Arquivo/GES
Mais de dois terços das empresas afirmam que, mesmo em negociações com o valor acima do habitual, está mais difícil obter os insumos no mercado doméstico. Esse problema aflige 90% do setor de calçados
As dificuldades de abastecimento de insumos e de matérias-primas afetaram em média 68% das empresas brasileiras em outubro, de acordo com pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O percentual é um pouco menor do que em fevereiro deste ano, quando 73% das empresas relataram o problema. Apesar da ligeira queda, a situação está bastante complicada e mais da metade das indústrias avalia que esse desajuste só terá fim a partir de abril de 2022.

Em 18 dos 25 setores da indústria de transformação consultados, mais de dois terços das empresas afirmaram que, mesmo em negociações com o valor acima do habitual, está mais difícil obter os insumos no mercado doméstico. Esse problema aflige 90% do setor de calçados; 88% das indústrias de couro, 79% da indústria química; 78% do vestuário, por exemplo.

Entre os setores que dependem de insumos importados, 18 deles também relataram o mesmo problema: a dificuldade de comprar a mercadoria, mesmo que se decida pagar a mais por ela. Os setores mais afetados foram: máquinas e materiais elétricos (86%), vestuário (85%), material plástico (84%), têxteis (81%).

"Não há solução fácil"

De acordo com o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, há pelo menos três explicações e não há solução fácil para nenhuma delas.

“Há um buraco na produção industrial que ainda não foi resolvido. A Sondagem Industrial de outubro mostrou ajuste nos estoques, é uma condição importante, necessária para resolver o problema, mas é um primeiro passo. E esse ajuste ainda precisa se completar para uma série de setores”, explica o economista. “Além disso, temos a expansão da demanda global de uma série de produtos, com os países voltando da crise. Esses fatores seguem provocando estresse nas linhas produtivas e a escassez de diversos insumos”, completa.

Segundo Azevedo, há ainda um outro agravante que é elevado custo da logística, alto preço e baixa qualidade dos contêineres. “Alguns países estão buscando alternativas para esse problema dos insumos, como desenvolver fornecedores locais, mas não é algo que se faça rapidamente nem depende só da ação da vontade, e envolve custos”, avalia.

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