A série Feed de Mercado dá sequência ao projeto Calçado & Carreira. Capitaneado pelo Jornal Exclusivo e Orisol do Brasil, apresenta cases inspiradores e valoriza os profissionais que fazem a diferença no setor calçadista, tanto no mercado nacional como internacional.
Foto: Michel Pozzebon/GES
"Em meados dos anos 1950, meu avô trabalhava com celas para cavalos e tamancos. Ele ajudou a impulsionar as primeiras fábricas de calçados de Dois Irmãos. Além disso, meu tio, Theobaldo Guilherme Engelmann, foi sócio-fundador de quatro das maiores fábricas da cidade", conta.
A Calçados Pegada iniciou as atividades em setembro de 1989 com um capital de US$ 6,5 mil. "Já tínhamos no DNA a experiência de nossos quatro fundadores no ramo calçadista. Éramos empregados de outras fábricas na cidade e cada um já havia trabalhado mais de 20 anos no setor quando iniciamos a Pegada", explica.
O pai de Ranft era agricultor e sua mãe, costureira. O primeiro contato com o setor calçadista foi aos oito anos de idade, quando ele auxiliava sua mãe na costura de calçados e na colocação de ilhoses em botas. Ao ingressar no ensino primário, o jovem passou a ajudar um de seus tios em uma pequena fábrica de calçados. "Lá, eu e meu primo Valdir ajudávamos na fabricação de chinelos e no conserto de sapatos usados", recorda.
O dinheiro arrecadado na venda da máquina de costura da mãe de Ranft ajudou no capital que seu pai utilizou para entrar de sócio na famosa e extinta fábrica de calçados Travesso, em Dois Irmãos. "Meu pai começou a trabalhar na empresa e eu e meus irmãos fazíamos a limpeza da fábrica após o horário de trabalho. A Travesso cresceu e se tornou uma das fabricantes mais importantes da região na época áurea da exportação, entre os anos de 1970 e 1998", explica o empresário.
Ranft trabalhou por 22 anos na Calçados Travesso, que ele considera como sua principal escola no setor calçadista. "Aprendi muito lá. Nós nos formamos no sapato. Dali em diante, quando o meu pai se aposentou e optou por vender a sua participação na empresa, nós já tínhamos iniciado as atividades da Pegada."
Uma das bandeiras de Ranft é trabalhar com a empresa capitalizada. Desde a fundação da Calçados Pegada, o empresário conta, com orgulho, que a empresa sempre atuou conforme a sua formação de capital. "Nosso trabalho está baseado em uma fórmula que leva três itens em conta: primeiro, comprar à vista, aí já temos o primeiro ganho; segundo, financiar o cliente, com isso tem o juro da venda, que é uma forma de lucro e terceiro, a renda do próprio negócio", comenta. Segundo ele, a soma dos três itens resulta na rentabilidade. "Estes três ingredientes são essenciais para um crescimento rápido e consistente", completa.
O empresário conta que desde 2014, a Calçados Pegada tem focado na redução de custos, especialmente na maneira de desenvolver o produto e principalmente, em uma automação maior da costura. "Se o consumidor está com a renda menor, o produto não pode encarecer, ele precisa ser mais barato, por conta disso criamos produtos com preço médio menor e formamos uma pirâmide com a base maior de preços menores", explica.
Sobre as perspectivas para os próximos cinco anos da Calçados Pegada, Ranft resume em uma única frase: "seguir a trajetória de crescimento". O empresário classifica a evolução da empresa como algo natural. "Se você tem rentabilidade, mercado e venda, você vai crescer naturalmente. No patamar em que estamos, não vejo como isso possa ser diferente", avalia.
Entre os projetos futuros da companhia está o fortalecimento da marca Pegada no mercado externo. "Hoje exportamos para 60 países, mas sabemos que o caminho e o trabalho ainda são longos no exterior. Queremos ser mais globais", completa.
Ranft salienta que a sucessão familiar é uma realidade na Calçados Pegada. O empresário conta que os filhos dos sócios da empresa estão envolvidos no negócio. "A maioria das empresas não aposta nisso. Na Pegada, temos o privilégio de nossos filhos estarem inseridos nessa cultura empresarial. Por conta disso, é que estamos desenvolvendo, cada vez mais, nosso plano de expansão. Cabe ressaltar que o envolvimento dos nossos filhos no negócio faz com que não tenhamos acomodação", argumenta.