Cautela, otimismo e projeção de crescimento marcam o primeiro trimestre dos calçadistas

29.03.2021 - Michel Pozzebon / Jornal Exclusivo

Foto: Alexandre Raupp Schebela/Divulgação.
Alexandre Raupp Schebela/Divulgação
Setor avalia o desempenho dos três primeiros meses de 2021

Apesar do agravamento da pandemia do coronavírus no Brasil, cautela, otimismo e crescimento seguem sendo as palavras de ordem dos calçadistas nos três primeiros meses de 2021.

Na avaliação do diretor administrativo, financeiro e relações com investidores da Vulcabras (Jundiaí/SP), Wagner Dantas, o momento é bastante delicado. "As decisões, apesar de precisarem ser tomadas na velocidade que a crise exige, precisam ser bem analisadas e assertivas. É assim que temos atuado desde o momento inicial da pandemia. O impacto em diversos setores é grande, e vem sendo enfrentada no mundo todo", observa. O executivo pontua que a velocidade em que a companhia vem tomado suas decisões estratégicas tem contribuído para minimizar os impactos da pandemia nos negócios. "Isso aliado ao nosso modelo de negócio e à nossa expertise nos permite ter agilidade e tem reduzido o impacto no nosso negócio", sustenta Dantas.

Crescimento

Foto: Marcos Kulenkampff/Divulgação
Wagner Dantas
Nos dois primeiros meses de 2021, a Vulcabras registrou crescimento. Contudo, com o agravamento da pandemia e a intensificação das medidas restritivas, o desempenho do mês de março foi parcialmente afetado. "Mesmo diante das dificuldades trazidas pelo recrudescimento da pandemia, acreditamos que com um relevante portfólio de marcas, uma moderna estrutura de desenvolvimento, produção e distribuição e um time de colaboradores altamente qualificados, podemos continuar crescendo. Seguiremos na busca desse crescimento em nossas marcas e enxergamos um futuro com ganhos de vendas e de rentabilidade", comenta.

No quarto trimestre de 2020, a Vulcabras apresentou receita líquida de R$ 459,1 milhões, EBITDA (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 73,9 milhões, e lucro líquido no período de R$ 54,6 milhões, um aumento de 22,8% e 21,1% respectivamente em relação ao 4T19. "Em um trimestre de phase-out (interrupção de produção) da operação do feminino e ainda sem a Mizuno no portfólio, conseguimos um crescimento expressivo dos nossos resultados, mostrando a capacidade da empresa em se adaptar muito rapidamente as novas condições do mercado", contextualiza o executivo. Dantas acrescenta que a resposta acelerada da companhia reforçou sua posição como parceira estratégica na retomada do varejo e proporcionou o crescimento de participação de mercado de suas marcas.

Cenário incerto

Foto: Reprodução
Haroldo Ferreira
Na avaliação da Associação Brasileira das Indústrias de Calaçdos (Abicalçados), o cenário de 2021 é incerto, especialmente em função do agravamento da pandemia no Brasil. "O ano de 2020, como todos sabem, foi de muitas dificuldades, mas esperávamos iniciar uma recuperação já a partir dos últimos meses daquele ano. O que não contávamos é com a nova cepa e o agravamento da pandemia do coronavírus, que fez com que os governos voltassem a fechar o comércio em alguns grandes centros de consumo, caso de São Paulo, que responde por 40% das vendas de calçados no mercado doméstico", analisa o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira.

O dirigente da Abicalçados reforça que, apesar das incertezas e do cenário de dificuldades, o setor calçadista mantém a projeção de crescimento para 2021 a partir do avanço da vacinação e do consequente retorno à normalidade, com o varejo em funcionamento.

Segundo a entidade, a produção calçadista cresceu 7% em janeiro, devido especialmente à melhora na demanda no final do ano passado. Esse crescimento, consequentemente, teve reflexo positivo no emprego, com a criação de 10 mil postos no primeiro mês do ano. "No entanto, o recrudescimento da pandemia do coronavírus pode frustrar essa breve recuperação esperada para o trimestre", observa Ferreira.

Projeção de crescimento para 2021 segue mantida

Apesar do cenário adverso e da falta de previsibilidade, o setor calçadista segue mantendo as projeções de crescimento para 2021. "Acreditamos que até o final do ano deve haver algum crescimento, especialmente diante da base terrível de 2020. Porém ainda ficaremos muito aquém do nível pré-crise, de 2019", aponta o presidente-executivo da Abicalçados.

2020

No ano passado, a indústria calçadista perdeu 21 mil postos de trabalhos, com uma redução de 18,4% na produção de calçados, para algo em torno de 760 milhões de pares, o mais baixo nível em 16 anos." Não existia demanda devido às restrições ao comércio físico, que responde por 85% das vendas do setor calçadista. Foi um ano terrível, para se esquecer", completa Ferreira.

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