BC mantém Selic em 2%, mas indica alteração na avaliação do ambiente inflacionário

21.01.2021 - Redação Jornal Exclusivo

O Banco Central (BC) manteve a Selic em 2%. Mas, retirou o forward guidance – ferramenta usada por um banco central para exercer seu poder na política monetária, a fim de influenciar, com suas próprias previsões, as expectativas do mercado quanto a níveis futuros de taxas de juros –, o que indica uma alteração na avaliação do ambiente inflacionário.

A instituição havia acenado para a possibilidade de retirada desse instrumento na última reunião de política monetária em 2020 (dezembro). No entanto, sinalizou que isso não indicaria uma elevação imediata da Selic na reunião subsequente.

O instrumento foi retirado pelo fato das projeções de inflação do BC estarem muito próximas da meta no horizonte relevante para política monetária (2021 e 2022).

Agora, o Copom volta a ponderar os riscos inflacionários pelo tradicional Balanço de Riscos, em que o risco fiscal (devido à ausência de progresso das reformas econômica) segue elevado e criando assimetria.

Juros acima dos 3,25%

Especialistas da área financeira têm alertando desde o último trimestre de 2020 para a possibilidade da taxa de juros encerrar 2021 acima dos 3,25% projetado pelo mercado no relatório Focus. "Consideramos elevada a chance da Selic encerrar o ano num patamar acima de 4%. Isso deriva das expectativas de apatia do Congresso Nacional com a agenda de reformas e das incertezas quanto à condução da política fiscal (com o apelo para retomar o auxílio emergencial)", destaca a economista-chefe da Veedha Investimentos (São Paulo/SP), Camila Abdelmalack.

Segundo a especialista, embora a atividade econômica fraca não justifique uma pressão na demanda, o IPCA acumulado em 12 meses irá acelerar ao longo do 1° semestre por uma questão de base. "O 1º semestre tinha um carrego deflacionário do ápice da crise e o 2° semestre concentrou a retomada da atividade e a pressão de alimentação e bens industrializados e, nesse momento (ao redor de maio), se houver um cenário político ruim (sem progresso para as contas públicas), o BC pode ficar refém da situação de uma possível desancoragem nas expectativas inflacionárias e iniciar a elevação da Selic", completa.


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