Varejo de calçados avalia limitar pedidos à indústria

29.09.2020 - Redação Jornal Exclusivo

Foto: Arquivo/GES
Varejo busca se recuperar após a crise causada pela pandemia
A Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac) divulgou nesta terça-feira, 29, que o varejo de calçados vem sendo surpreendido com aumentos de preços por parte da indústria. Segundo a entidade, em média, os reajustes são de 10%, mas em alguns casos – envolvendo especialmente fabricantes de Nova Serrana/MG e São João Batista/SC – chegam a 30%.

A queixa principal é de que os custos elevados ocorrem em um momento em que o setor inicia a retomada das vendas, após um longo período de perda de receita. Já a justificativa dos fornecedores é a elevação dos custos de produção diante das dificuldades de acesso a alguns insumos e a redução da capacidade produtiva, que causa atrasos nas entregas de pedidos aos lojistas.

NOVA SERRANA
Conforme o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana/MG, Ronaldo Andrade Lacerda, os produtos que têm em sua base o solado de PVC tiveram mais aumento. “E pelo que a gente entende, os dois polos que mais usam este material somos nós e São João Batista. Estamos fechando o ano com 60% de aumento destes materiais. Então, as fábricas que tenham percentual alto de utilização devem ter chegado a 20 ou 25% de reajuste”, explicou.

Lacerda argumenta ainda que o aumento no preço dos produtos de base PVC não se limita ao setor calçadista e atinge também a construção civil. “É uma dificuldade, mas focada na cadeia do PVC”, aponta Lacerda.

PEDIDOS CANCELADOS
Embora entenda tais fatores, a Ablac classifica como injustificável a tentativa de transferir ao varejo este ônus, alegando que o custo pode reduzir a margem e comprometer ainda mais o desempenho do comércio.

Conforme o presidente Marcone Tavares, que comandou reunião da diretoria executiva da entidade nesta segunda-feira, 28, os fabricantes que vêm praticando aumentos abusivos estão tendo as negociações suspensas e os pedidos, cancelados.

Nos últimos meses, explica Tavares, as lojas registram redução do preço médio dos produtos vendidos, o que resulta de uma adequação à queda do poder aquisitivo do consumidor e implica em menor volume de recursos para novas encomendas, especialmente para janeiro, que tradicionalmente são baixas.

Diante desse cenário, a entidade alerta que, para não reduzir ainda mais a sua rentabilidade e não inviabilizar as suas operações, o varejo poderá recorrer à limitação das compras, negociar apenas com fabricantes que mantiveram os preços ou os reajustaram em níveis aceitáveis e priorizar a venda de produtos que já estão em estoque.

“Entendemos que alguns aumentos se justificam, mas estamos buscando negociar com os fornecedores para que possamos manter os pedidos já efetuados, realizar outros novos e, principalmente, preservar a saúde financeira das empresas”, complementa Marcone Tavares.

INDÚSTRIA
Procurada pelo Jornal Exclusivo, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) argumentou que conversa diariamente com a indústria calçadista e não tem informação de reajustes abusivos.

“A Abicalçados entende que os possíveis reajustes que estejam ocorrendo sejam naturais neste momento de aumento de preço dos insumos. Os calçadistas vêm, desde a crise de 2015, absorvendo custos e segurando ajustes de preço. É natural que exista esse movimento de adequação de mercado neste momento”, finaliza o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira.

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