Pandemia impulsiona o crescimento dos e-commerces de moda

21.07.2020 - Michel Pozzebon

Ao longo da pandemia da Covid-19, a audiência dos sites de comércio eletrônico de moda cresceu 95,27% no Brasil. A informação é da Conversion (São Paulo/SP), consultoria de performance & SEO, que analisou a audiência de 50 e-commerces brasileiros e constatou que, em maio, as principais páginas eletrônicas registraram um crescimento médio de 51% nos acessos em relação a fevereiro, período anterior ao isolamento social.

“A pandemia acelerou fortemente o e-commerce e vai criar uma nova corrida pelas vendas on-line entre as
empresas”, afirma Diego Ivo, CEO da Conversion.

No cenário analisado, destacaram-se os seguintes setores com os respectivos aumentos, em comparação ao início da pandemia: Eletrônicos (136,72%), Moda (95,27%), Casa & Móveis (85,39%), Pet (65,56%) e Comida (61,40%).

No ranking dos sites mais acessados do Brasil em maio, destacam-se nos setores de Moda e Beleza: a Dafiti, que aparece no 11º lugar (com 17,760 milhões de acessos), a Riachuelo em 16º (com 12,110 milhões) e a Natura em 18º (com 11,580 milhões).

Alavancagem de vendas de itens com tíquete médio mais baixo
Desde o início da pandemia, o Icomm Group (São Paulo/SP) registrou um forte aumento no número de clientes atendidos por mês em seus e-commerces Shop2gether e OQVestir, que saltou de 30 mil para 43 mil, em média. Ou seja, muitos novos usuários chegaram aos sites, o que alavancou as vendas de itens com tíquete médio mais baixo, uma vez que muitos destes consumidores estão experimentando os e commerces pela primeira vez.

"Nosso primeiro trimestre apresentou crescimento comparado ao ano anterior, porém, tendo em vista tudo que vem acontecendo com o mercado, estamos revisando nossa previsão de crescimento para 2020, que era de 30% até agora", afirma Ana Isabel, Co-founder do Shop2gether e curadora de moda do Icomm Group.

Para auxiliar o pequeno varejista de moda na pandemia
Para alcançar e "abraçar" o pequeno varejista de moda neste momento, o Icomm Group lançou em abril o (2)Collab. Essa nova plataforma estava em desenvolvimento dentro da companhia desde o segundo semestre de 2019 e tem por objetivo fomentar a moda nacional e dar visibilidade a novas e criativas marcas. "Com a pandemia, entendemos que o propósito do (2)Collab ganhou ainda mais relevância, com o intuito de poder ajudar as marcas que ainda não haviam entrado no mercado on-line e ajudá-las nesse processo de digitalização emergencial. Por isso, aceleramos e investimos em seu lançamento", reforça Ana.

Nessa primeira fase da (2)Collab, a plataforma iniciou com 40 marcas disponíveis e teve outras mil etiquetas interessadas em participar do projeto desde o início da pandemia, que neste momento estão passando pela curadoria e treinamento para operar no site.

Foto: Divulgação
Novo perfil do consumidor
A Co-founder do Shop2gether acredita que o novo perfil do consumidor só será intensificado no pós pandemia. "Temos acompanhado uma mudança crescente no jeito de se consumir moda antes mesmo do início da pandemia, ela só acelerou aquilo que nós já vínhamos percebendo no mercado. Sabemos que a partir de agora o consumidor estará ainda mais envolvido e engajado com aquilo que acredita e irá acompanhar de perto as mudanças que deseja ver nas marcas em que consome", salienta.

Com a pandemia causada pela Covid-19, a transformação digital foi acelerada nos mais diversos setores, incluindo o varejo. Com esta mudança no perfil do consumidor, as empresas precisaram readaptar seus processos para atender uma nova demanda. Marcio Kumruian, fundador e CEO da Netshoes (São Paulo/SP), acompanha esse movimento de perto. “Neste momento, sobrevivência nada mais é do que se adaptar a esse ambiente”, ressaltou o empreendedor em uma live da escola de negócios StartSe (São Paulo/SP). O executivo acredita que diversas profissões serão ampliadas ou até mesmo criadas durante esse período, com grande foco no digital.

Vendas dispararam
Nas últimas semanas, as vendas no e-commerce dispararam. De acordo com um levantamento feito pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) e pelo Movimento Compre&Confie, as vendas pela Internet de algumas categorias mais que dobraram seu crescimento no Brasil. Kumruian percebeu um movimento semelhante na Netshoes. “Estamos desde 2000 ‘evangelizando’ as pessoas a comprarem no on-line. Pela primeira vez, em cinco anos, nosso número de clientes novos ultrapassou o número de clientes antigos da plataforma”, ressaltou.


Vendas no pós-pandemia
É difícil prever com certeza como será o futuro pós-pandemia. Segundo Kumruian, neste exato momento estamos vivendo uma desaceleração do consumo em diversos segmentos — ao mesmo tempo, uma migração de pessoas, funcionários e negócios para o on-line. “Como o e-commerce está vendendo mais, as empresas estão precisando se estruturar. Um exemplo disso são as novas contratações de grandes companhias como Amazon e Alibaba”, ressaltou o empreendedor.

Kumruian ainda acredita que, no futuro, os espaços poderão se transformar. “Por conta do vírus, locais pequenos podem se tornar grandes centros de distribuição e delivery, por exemplo, enquanto os espaços maiores continuam com a convivência”, explicou.

Primeira grande onda de consumo
Os empreendedores também devem estar atentos e se preparar para a retomada no que chamamos de primeira grande onda de consumo, com um pico de demanda curto, porém intenso, no comércio em geral depois da quarentena. “Acredito que os setores estão sendo redescobertos com essa pandemia. No caso do varejo, o importante é sempre lembrar que o cliente está no centro de tudo. Temos que fazer o básico bem feito — entregando no prazo e atendendo muito bem o consumidor para que as compras possam se tornar recorrentes”, ressaltou Kumruian. Em cinco anos, nosso número de clientes novos ultrapassou o número de clientes antigos da plataforma”, ressaltou.

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