Indústria e varejo discutem a retomada em um novo normal

18.06.2020 - Michel Pozzebon/Jornal Exclusivo

Como serão os negócios passada a pandemia da Covid-19? Esta pergunta foi mote do painel on-line Conectando Varejo e Indústria ao Novo Normal, promovido nesta quinta-feira, 18 de junho, pelos jornais Exclusivo e NH, e com patrocínio da Blu. Mediado pela editora de Negócios do Jornal NH, Nicolle Frapiccini, o debate reuniu o CEO da Usaflex (Igrejinha/RS), Sergio Bocayuva e o CEO da Blu (Rio de Janeiro/RJ), Luís Marinho.

E, dentro deste chamado "novo normal", Bocayuva considerou que a liquidez é um dos pilares de sustentação das empresas. "É fundamental que os empreendimentos efetivamente estejam preparados com uma visão estratégica, principalmente, de caixa de curto prazo. Ou seja, buscando liquidez", ressalta. O executivo considera que as empresas que implementaram governança e planejamento estratégico obtiveram com mais facilidade o acesso ao crédito. Além disso, o CEO da Usaflex cita o capital humano como outro importante pilar estratégico. "As pessoas são sempre pilares estratégicos de qualquer empresa. Então, é preciso cuidar deste que considero o principal ativo."

Diante da possibilidade de retomada dos negócios, Bocayuva cita que as empresas precisam estar preparadas para isso. "Já se passou o período de planejamento a curto prazo e no caso da Usaflex, já estamos olhando para a retomada e com uma visão digital", menciona o investidor. E, em se tratando do digital, o executivo acredita que a pandemia está acelerando a digitalização dos negócios. "As empresas que não tinham uma plataforma montada tiveram que correr atrás e quem já estava, teve que acelerar", pontua.

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Passada a pandemia, o CEO da Usaflex acredita que marcas com propósito e com diferenciais competitivos se destacarão das demais no mercado. "No nosso caso, cito que conforto não é uma tendência de curto e sim de longo prazo. Estamos ganhando share diferente de marcas que não tem propósito algum. O consumidor valorizará cada vez mais produtos diferenciados. Ele valoriza mais o seu dinheiro e acabará priorizando marcas que oferecem diferenciais", sustenta Bocayuva.

Na visão do CEO da Blu, a questão de caixa será determinante tanto para a indústria quanto para o varejo. "Ao longo destes 3 meses de pandemia, o pequeno varejista consumiu todo o seu caixa para a sua própria sobrevivência e para a manutenção do seu negócio", cita. Diante disso, Marinho considera que o retorno das atividades requer cautela para o pequeno varejista. "Entendo que o grande problema ocorrerá neste retorno visto que estes lojistas não vão poder retornar a uma situação normal a partir do momento em que eles já não têm uma posição de caixa confortável. O antigo normal dele já era uma luta pela sobrevivência", alerta.

Diante da dificuldade da retomada para os pequenos lojistas, especialmente pela questão do crédito, Marinho destaca que a Blu enxergou ali o maior desafio pós-covid-19: melhorar a transação entre as indústrias e o varejo. "Obviamente, os lojistas ainda têm algum estoque. Mas, eles não têm caixa. Então, a gente focou e olhou para o processo de retomada, identificando como ajudar a indústria e o varejo a se relacionarem numa situação de dificuldade de crédito. Nossa visão é como deixar essa relação ocorrer de forma a manter a subsistência destes negócios, para que ao longo da caminhada possam se reestruturar e se reinventar", comenta.

Marinho adiantou que a Blu está trabalhando em uma parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) que promete "revolucionar o setor". "O que posso adiantar é que será uma parceria que permitirá conectar e aproximar ainda mais o polo industrial e o polo varejista. É uma solução que trará valor para as atividades do setor", ressaltou.

Sustentabilidade dos negócios

No mês de março, quando foi declarada a situação de pandemia de Covid-19 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Usaflex deixou de faturar o equivalente a R$ 64 milhões. "Foi uma decisão muito difícil, até porque não é qualquer empresa que tem capital de giro para tornar uma medida destas. Enxergamos que se faturássemos naquele momento, teríamos problemas mais tarde com inadimplência. Então, por isso fomos mais conservadores", salienta Bocayuva. O executivo conta que outra decisão difícil foi ter que reduzir o quadro de colaboradores da empresa. "Reduzimos a mão de obra em 24% tendo em vista a sustentabilidade da companhia e de que quando o mercado retomasse, ele teria uma redução mínima de 25%", observa.

Um dos aprendizados que a pandemia deixa na visão de Bocayuva é a de que as empresas precisam ser ágeis. "Quem não for ágil, vai ficar pelo caminho", sustenta. O investidor considera que só permanecerão ativos no pós-pandemia os empreendimentos que tiveram diferencial competitivo. "As indústrias que basicamente fazem private label ou efetivamente só têm experiência de multimarca não vão sobreviver no curto e no médio, porque isso é commodity e commodities você está brigando somente por preço."

Sobrevivência dos negócios

Na avaliação do CEO da Blu, a pandemia trouxe diversos aprendizados para as empresas. "Acredito que são em momentos como estes que é possível identificarmos oportunidades e também as ineficiências", salienta. Segundo ele, o foco inicial na companhia foi pela manutenção de caixa e pelos postos de trabalho. "Avalio que na crise é que devemos avaliar no que a gente pode fazer de diferente e no que nós podemos fazer para agregar valor", frisa.


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