Sindifranca cobra ajuda do governo para manter setor

30.04.2020 - LUANA RODRIGUES

O Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (Sindifranca) enviou uma carta aos governantes brasileiros na qual trata da realidade enfrentada pelo setor calçadista frente às medidas de prevenção tomadas por conta do novo coronavírus. No polo de São Paulo, desde que a pandemia chegou ao País, 7.975 pessoas foram demitidas (5.900 apenas em Franca), conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Os números colocam a região como a que mais desligou colaboradores.

O objetivo do Sindifranca ao enviar o documento para diversas autoridades do Brasil é trazer à tona a crise do setor, "que mais emprega mão de obra e que está entrando em colapso com a falta de soluções tangíveis", diz o documento. O conteúdo da carta traz números que mostram o impacto no setor calçadista de Franca caso mudanças não sejam feitas o mais breve possível. "Algo precisa ser feito agora, pois a cada dia temos mais demissões, queda em produção, fechamento de empresas, inadimplência, desemprego e ausência de renda para milhares de famílias."

O comunicado, assinado pelo presidente do Sindifranca, José Carlos Brigagão do Couto, lembra que Franca quase atingiu, em 2013, sua capacidade máxima, quando foi alcançada a marca histórica de produção de 39,5 milhões de pares, com cerca de 30 mil funcionários. "O potencial de geração de empregos e produção de Franca, assim como o de outros polos do Estado, é enorme e vem sendo desperdiçado por falta de apoio", avalia o presidente.

Conforme o sindicato, em dezembro de 2019 eram 14.402 empregados no setor e para maio a estimativa é de que o número reduza para 8.470. "O número de demissões passará de 30 mil colaboradores dentro da cadeia produtiva. É de extrema urgência um mínimo de entendimento para compreender a crise de liquidez, que tomou celeridade em função da suspensão do comércio no Brasil", diz a carta.

Durante o tempo em que a indústria esteve parada, entre 20 de março e 12 de abril, os pares não faturados e os que foram deixados de produzir representam quase R$ 180 milhões. O Sindifranca questiona a falta de clareza ao tentar acessar as linhas de crédito existentes no mercado, especialmente oferecidas pelo Desenvolve SP, entidade do governo paulista, e o BNDES. "Se o governo Federal e o Estadual não entrarem em um acordo mínimo de diplomacia e exercerem o seu papel de mantenedor do sistema socioeconômico, o colapso e falência serão as únicas bandeiras que conseguiremos erguer nas próximas semanas."

Seis perguntas

No documento enviado aos governantes, o Sindifranca elencou seis perguntas sobre o futuro do setor calçadista. Elas tratam sobre um prazo para a engrenagem econômica ser restabelecida; cobram o pagamento por parte dos lojistas dos sapatos faturados entre novembro e março; alertam sobre o nível de inadimplência que as indústrias terão que suportar; questionam quando o comercio irá reabrir e qual será o nível desta retomada e, por último, perguntam como as empresas de calçados irão sobreviver neste cenário sem o socorro por vias de linhas de financiamento providas pelos governos ou bancos privados.

Sugestões

O Sindifranca apresenta algumas sugestões do que pode ser feito para amenizar os impactos financeiros causados pelo atual momento. Entre eles está a suspensão de pagamento do ICMS por 90 dias e pagamento posterior de forma parcelada, além de implementar após o retorno das atividades, de forma definitiva, que o prazo de pagamento do ICMS seja de 90 dias. Para as linhas de crédito e para a mão de obra o pedido é de que as regras sejam flexibilizadas e o valor de credito ampliado. Já com relação aos fornecedores, a intenção é suspender pagamento por 90 dias e parcelado, além de facilitar o uso de créditos de ICMS para aquisição de MP. O documento ainda sugere que o Dia das Mães seja alterado para o último domingo de maio e o Dia dos Namorados para o fim de junho.

Carta

O documento elaborado pelo Sindifranca foi dirigido às seguintes autoridades:
Jair Bolsonaro, presidente da República
Paulo Guedes, ministro da Economia
João Dória, governador do Estado de São Paulo
Henrique Meirelles, secretário da Fazenda e Planejamento de SP
Wilson Mello, presidente da Invest SP
Gilson de Souza, prefeito de Franca
Paulo Skaf, presidente da Fiesp

VÍDEO

+ VEJA MAIS

AGENDA

+ VEJA MAIS

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Cadastre seu e-mail para receber as novidades do Exclusivo.

Seu email foi cadastrado com sucesso.