Cenário atual acelera digitalização do varejo calçadista

24.04.2020 - Nicolle Frapiccini/Jornal NH

Foto: Michel Pozzebon
Eduardo Smaniotto e Luana Rodrigues no Grupo Sinos durante o primeiro painel da série programada por NH e Exclusivo
Mergulhado em um cenário extremamente complexo que interrompeu por completo as entradas de receitas de milhares de lojas no País em função das paralisações das atividades por causa da pandemia da Covid-19, o varejo calçadista brasileiro está se reinventando. E esse contexto atual norteou o primeiro de uma série de vídeos ao vivo que abordarão os impactos do novo coronavírus no cluster do couro e do calçado.

Promovido pelo Grupo Sinos, por meio dos jornais NH e Exclusivo, o painel Os Novos Rumos no Setor Coureiro- Calçadista contou com a participação do diretor-executivo da Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac), Wesley Barbosa, e do diretor da entidade e diretor comercial da Luz da Lua, Eduardo Smaniotto. A jornalista e editora-chefe do Jornal Exclusivo e da Revista Lançamentos, Luana Rodrigues, mediou esse primeiro encontro que ocorreu no final da manhã de ontem. Barbosa conta que o setor não estava preparado para a paralisação. Além disso, muitos lojistas não acreditavam na venda on-line e poucos estavam prontos. “A única vantagem, se ela existe, é que depois ou durante a crise, vamos digitalizar muito mais o setor, que é o menos digitalizado de todos.”

Para o diretor da Ablac e diretor comercial da calçadista hamburguense Luz da Lua, Eduardo Smaniotto, ter calma e planejamento são fundamentais neste momento. “É melhor nos prepararmos para o pior e esperarmos o melhor”, afirma, ao lembrar que com a reabertura gradual das lojas o setor terá um Dia das Mães diferente. “O marketing neste momento é delicado porque temos que dar foco maior nas pessoas e ser sutil nas vendas.”

LOJAS FÍSICAS

Smaniotto salienta que, embora a pandemia tenha acelerado o processo de digitalização do varejo calçadista, as lojas físicas não vão terminar. “O canal físico não vai desaparecer. O que vamos ter é uma interligação maior entre os canais físico e digital”, afirma, ao ressaltar que o consumidor é o centro de estratégias do comerciante. “Não há dúvidas de que a crise estabelecerá uma nova normalidade e ela passa por uma digitalização maior dos negócios.”

Em relação às liquidações, o diretor da Ablac e diretor comercial da Luz da Lua aponta que essa estratégia deve ser utilizada até para atrair o consumo. “Não queremos uma remarcação absoluta e, sim, nos itens mais arriscados de moda que já têm uma vida mais curta. Tem que se ter muito cuidado para não sair executando as liquidações de forma que elas possam acabar totalmente com os negócios”, lembra.

"Não podemos depender de um canal só", fala Barbosa

O diretor-executivo da Ablac frisa que a pandemia evidenciou a necessidade de o setor trabalhar com mais de uma frente. “Não podemos depender de um canal só, nós sempre fomos os menos digitalizados de todas as atividades econômicas. Essa é uma ferramenta de venda que não volta atrás, o consumidor vai se acostumar a comprar de casa. E quem fazer isso mais rápido vai se sobressair. A pandemia acelerou um processo que ia durar cerca de cinco anos”, destaca Barbosa, ao dizer que a Ablac também está acelerando o lançamento de uma ferramenta de marketplace do calçado que já vinha sendo desenvolvida.

Para mostrar e inspirar superações

A editora-chefe do Jornal Exclusivo destaca que essa iniciativa do Grupo Sinos é importante por este ser o momento de olharmos para a frente e de nos prepararmos para o futuro. “A nova realidade já chegou e a nossa intenção com esta série de painéis é, de alguma maneira, ajudar quem está sendo impactado pelo atual cenário econômico e também mostrar como o setor tem se reinventado em meio à crise”, diz Luana Rodrigues.

NÚMEROS

97% das lojas de calçados ficaram fechadas desde a chegada do vírusO percentual foi apontado em levantamento da Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac). “Isso significa mais de um mês sem faturar. Há lojas em alguns Estados do País que ficaram 45 dias sem vender um par de sapato”, afirma o diretor-executivo da entidade, Wesley Barbosa.

30% é a queda esperada pela Ablac para os próximos meses. O diretor-executivo da entidade prevê muitos desafios nos próximos meses para o setor. “No ano estamos cerca de 15% atrasados. Para os próximos meses devemos ficar com quedas de 30%. Na melhor das hipóteses, terminamos 2020, 20% abaixo do que esperávamos”, projeta.

1,1 milhão de pessoas estão empregadas no varejo de calçados. Manter as folhas de pagamentos das lojas é uma preocupação constante. O diretor da Ablac, Eduardo Smaniotto, lembra que o impacto social deve ser evitado porque, no futuro, ele vai refletir no próprio negócio. “Se eu demitir, as pessoas vão deixar de consumir e isso é uma cadeia interligada, ou seja, vai ter reflexos.”

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