Como o setor de componentes pretende se reinventar para superar a crise

22.04.2020 - Gabriela Cardoso/Redação Jornal Exclusivo

Foto: Rene Martins/C Comunica
Ilse Guimarães aponta as dificuldades sendo encontradas pelo setor que tinha expectativas de crescimento para este ano.
O setor de componentes vinha passando por um bom momento, com expectativas de crescimento tanto no mercado interno quanto no externo. Com a pandemia do Covid-19, o mercado mundial acabou entrando em uma crise sem precedentes, que causou impacto em toda a indústria coureiro-calçadista.

A Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), vem fazendo a sua parte auxiliando a indústria de componentes. No mercado interno, engajando o setor a usar mais produtos brasileiros – dos materiais ao produto final –, e divulgando a qualidade dos materiais brasileiros para o mercado externo. Para Ilse Guimarães, superintendente da Assintecal, o momento é de repensar as políticas de mercado e analisar as mudanças de visão do consumidor. Avaliar as necessidades de demandas do mercado final será imprescindível para definir os caminhos da indústria.

Confira a entrevista concedida por Ilse Guimarães, superintendente da Assintecal, ao Jornal Exclusivo.

Como o setor de componentes está sendo afetado com a pandemia do Covid-19, visto que a indústria calçadista está sofrendo graves impactos?

O setor de componentes tinha expectativas de crescimento e passando por ótimo momento. Dentro do mercado interno, as perspectivas eram de aumento de poder de compras do consumidor, tanto pelo maior poder aquisitivo como pelas maiores exportações de calçados e de couro, com uma grande procura de novos materiais, especificamente ligados ao fator de sustentabilidade.

No mercado externo a expectativa também era de aumento, pois havia um trabalho consolidado com o Inspiramais feito no exterior. O setor estava com sua imagem consolidada em moda, inovação e sustentabilidade.

Houve mudança nas projeções de crescimento do mercado de componentes para o ano de 2020, no Brasil e no mundo?

Sim, há impactos direto na indústria. A cadeia produtiva está parada ou com baixa produção. As demandas de mercado interno e externo reduziram ou praticamente pararam. O momento é de repensar nas políticas de mercado. Os dados ainda são imprecisos. A cada dia há uma projeção nova. A certeza é que serão necessárias mudanças do modo de executar as operações, com a visão no consumidor – quais serão as suas prioridades, qual o potencial e desejo de consumo, quais as demandas. Isso impactará diretamente na construção de um modelo de negócios visando os impactos mundiais. Olhar para as novas necessidades e demandas do consumidor definirá os caminhos da indústria.

O que a Assintecal vem fazendo para auxiliar os associados durante este período de crise?

Estamos em constante contato com as empresas para saber quais as principais dificuldades e em conjunto, sempre que couber, atuarmos em prol de todos. Estamos realizando pleitos junto aos responsáveis governamentais ou outras entidades para soluções nas áreas trabalhista, financiamento e tributárias. Também estamos buscando soluções de suporte para todas as empresas, com consultorias e auxílio para suas necessidades, como buscar linhas próprias de financiamento para a cadeia de tal forma que o crédito flua em todos os elos.

Estamos nos engajando em duas campanhas como o Vista Brasil e o Feito no Brasil, e buscando formatar uma campanha que engaje o próprio setor a usar-se mais produtos brasileiros dentro de toda a cadeia – dos materiais até o produto final.

Também mantemos um forte trabalho no mercado externo para enaltecer e manter qualificada a imagem do setor, divulgando a qualidade e atualização dos materiais brasileiros.

Para uma cadeia que já vem se reinventando constantemente, o que o setor de componentes pode fazer para sair dessa crise de cabeça erguida?

Nos últimos anos, o setor de componentes já tem tomado atitudes de vanguarda e com olhar no futuro. Vem se reinventando ao longo dos anos e olhando para um futuro onde as relações pessoais e o olhar para o consumidor se tornam inevitáveis, assim como modelos de negócios apoiados em capitalismo consciente, sustentabilidade e relações de economia circular, produções adequadas a nichos de mercado e atendimentos e comercialização da indústria dentro de plataformas digitais.

Este momento parece que acelera um caminho que há muito já se desenha, onde a indústria terá que ousar nos caminhos da tecnologia e das relações também virtuais, assim como entender, cada vez mais, a necessidade do mercado final, que é o consumidor. Este é um caminho que a Assintecal acredita ser assertivo para a cadeia toda de componentes, e já estamos trabalhando com estas perspectivas há bom tempo. As empresas que já se reinventam dentro desses valores vêm colhendo resultado. A indústria terá que atuar nestes novos modelos de negócio.

O Inspiramais foi adiado para agosto (dias 5 e 6) e vocês vêm realizando lives com assuntos pertinentes ao setor coureiro-calçadista. Que novidades o público encontrará na edição deste ano? E quais são as perspectivas da entidade para esta edição?

As Lives Inspiramais, do Inspiramais, realizadas junto com o Sebrae, já trazem temas que apontam o caminho do Inspiramais, assim como da indústria. O tema se mantêm, que é Free Spirit, e traz o conceito desse novo processo de olhar para o outro para enxergar as necessidades de todos. Os modelos sustentáveis nos níveis culturais, gerenciais e de produção serão os temas que permeiam toda a construção do Inspiramais.

Também estamos estudando novos formatos, já iniciados com as Lives Inspiramais, e focadas em assuntos pertinentes a todo o setor coureiro-calçadista, a indústria de componentes, e o varejo – e já se aponta alguns desejos de novos caminhos. Uma coisa é certa, estaremos na vanguarda dando todas as ferramentas e suporte e apontando todos os caminhos para o mercado.

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