Demissões na Calçados Beira Rio respondem por um terço dos desligamentos do setor no RS

A crise causada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) provocou, na semana passada (entre os dias 13 e 17 de abril), a demissão de 1,5 mil trabalhadores em dez unidades fabris da Calçados Beira Rio S.A (Novo Hamburgo/RS) no Rio Grande do Sul. O número, confirmado pela Federação Democrática dos Trabalhadores na Indústria do Calçado do Rio Grande do Sul, representa um terço das demissões no setor calçadista gaúcho – até o dia 17 de abril, em seu levantamento semanal, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) estimava 4,7 mil demissões no Estado.

Conforme o presidente da entidade sindical, João Batista Xavier da Silva, o maior número de desligamentos na Calçados Beira Rio S.A na semana passada ocorreu nas unidades da empresa em Candelária/RS (150), Sapiranga/RS (100) e Igrejinha/RS (93). Ainda segundo o sindicalista, a federação dos trabalhadores ganhou na Justiça ação contra o pagamento parcial das rescisões dos contratos de trabalho pela calçadista. "Estavam pagando 20% da multa ao invés de 40% e indenizando 15 dias em vez de 30 dias de aviso prévio", salienta o dirigente, acrescentando que a decisão da empresa não tinha nenhum respaldo jurídico. "Os artigos 501 e 502 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) determinam que a indenização só pode ser paga pela metade caso a unidade em que o trabalhador atuava fosse fechada, o que não é o caso da Beira Rio, em que as unidades seguem em pleno funcionamento."

Contatada pelo Jornal Exclusivo, a Calçados Beira Rio S.A informou que não se manifestaria sobre as demissões em seu quadro de colaboradores. "Nesse momento, a empresa está focada em minimizar os problemas causados pelo atual momento e não medirá esforços para voltar à normalidade, em todos os sentidos", diz a nota da companhia enviada à redação do Exclusivo.